Osvaldo Orrico
A moeda perigosa
Muitas anedotas de Getúlio ou sobre Getúlio foram inventadas pelo povo como diagnóstico das características que o marcaram como político e homem do poder.
Entre essas histórias que aparecem aqui e alí, algumas sobrevivem pela verossimilhança com que foram criadas para definir seu instinto de sobevivência no palco dos acontecimentos que por tanto tempo dominou.
Às vezes o episódio é montado e urdido com tamanha naturalidade que até se aponta o nome das personagens que dele participaram.
Tal é o caso de uma senhora angustiada, que procurou o Hospital do Pronto Socorro, onde é atendida pelo médico de plantão, o doutor Caiado de Castro.
Do grande cirurgião se aproxima a mulher em lágrimas:
- Doutor. Estou desesperada. Meu filho engoliu uma moeda.
O cirurgião tenta acalmá-la:
- Isto, minha senhora, ocorre todos os dias. Não é motivo para susto. O menino não corre nenhum perigo.
E trata de investigar a causa e que tipo de moeda foi engolida.
- Foi uma dessas de níquel, postas agora em circulação.
- De níquel, dessas que tem a efígie do Presidente Getúlio?
- Dessas mesmo, doutor, dessas mesmo.
O cirurgião coça a cebeça:
- Já extrair do estômago das crianças muitas quinquilharias que elas engolem: botões, bolas de gude, pratinhas de um e dois cruzeiros; mas essa, minha senhora, vai ter de ficar na barriga do menino.
- Mas por que, Doutor?
- Porque essa, minha senhora, quando entra não sai.
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