Blog TIOLAÇO
Brizola Neto
A elite – e também parte da classe média brasileira – demorou a perder uma tradição dos tempos da escravisão: a mucama, a ama que cuidava de suas crianças.
Há quase dois meses, a gente registrou aqui que a elite paulistana tinha criado um autointitulado “Grupo Anti-Terrorismo de Babás” e estava procurando babás paraguaias. Porque, pelo fato de virem de uma sociedade com menos perspectivas e por não terem uma teia de relações pessoais e familiares que as protegessem, aceitavam trabalhar por menores salários, poucas folgas e dormindo no emprego.
Ontem, registra a Folha, o NYTimes publica que ” os rendimentos dos trabalhadores domésticos no Brasil (babás e empregadas domésticas) subiram 34% entre 2003 e 2009, mais do que o dobro do aumento médio de todos os profissionais no país”.
E conta o caso da babá Andreia Soares, de 39 anos, que trabalha há dez anos como babá. Diz o Tines que, economizando, ela comprou um apartamento de dois quartos, uma casa para a mãe dela, uma parte de um terreno para o seu irmão, “além de uma bolsa Louis Vuitton”. Outra, Ieda Barreto, diz que hoje se preocupa com sua qualidade de vida: “Eu me valorizo muito mais do que antes”.
Por mais que isso possa causar desconforto e problemas para alguns, por algum tempo, é com este mundo que teremos de nos acostumar, para sermos um país desenvolvido. Trabalho doméstico será cada vez mais raro e caro. Não é assim nos Estados Unidos, que estas pessoas tanto admiram como modelo de sociedade?
A regra vale para os dois lados, não é?
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