O bem intencionado artigo de Fernando Henrique Cardoso sobre a oposição constata muitas falhas importantes dos partidos que deveriam fazer contrapeso ao governo e propõe alternativas. Mas ficará lembrado como um reforço à imagem de demofobia do PSDB.
O ex-presidente escreveu: “Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os ”movimentos sociais” ou o “povão”, isto é, sobre as massas carentes e pouco informadas, falarão sozinhos”. Pois é.
O artigo é longo, contextualiza a frase acima e extrai dela consequências que merecem ser debatidas. Mas isso dificilmente vai acontecer porque a maioria das pessoas, as tais “massas carentes e pouco informadas”, vai entender: o PSDB deve esquecer o “povão”.
Dezenas de analistas e tucanos se ocuparão agora de explicar o artigo de FHC, de traduzir o que ele quis dizer. Que ele se referia à emergência da classe média. É uma tarefa ingrata, um novo “esqueçam o que escrevi”: a versão superará o fato.
O erro de comunicação é fatal numa época em que tudo é instantâneo. Lula, com todos os seus defeitos, é muito mais competente em se fazer entender pelo “povão” do que seus críticos. Daí seu carisma e parte de sua força eleitoral.
Ao tentar explicar os equívocos da oposição, FHC não poderia ter escolhido uma maneira mais ironicamente clara de ilustrá-los.
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