O programa de TV de Serra, hoje, apelou escandalosamente para esta exploração da questão do aborto. Já disse aqui que não considero este um assunto que deva estar no centro do debate eleitoral, até porque não é atribuição do Presidente da república legislar sobre o assunto, mas do Congresso Nacional.
Aliás, nem mesmo é a legalização ou não do aborto o que se está discutindo, mas, no máximo, o atendimento médico público a quem o praticou.
E parece evidente que isso é uma questão humanitária, até. Será que, em sã conciência, o responsável pela gestão da saúde pública, ministro de Estado da Saúde poderia mandar negar atendimento a uma mulher nestas condições?
Não creio que nenhum dos dois candidatos ou qualquer líder religioso – se tiver mesmo princípios cristãos – mande dizer a uma mulher nesta situação: “olha, minha filha, morra aí sem assistência, porque nós não vamos tratá-la. Ou, se você for rica, procure um hospital particular” . Aliás, médico algum digno da profissão deixaria uma pessoa morrer sem atendimento.
O que Serra está fazendo com essa questão, isso sim, é dar provas de que não tem respeito pelo primeiro dos princípios que deve nortear a fé ou até mesmo a filosofia: a verdade.
Os fatos, os simples fatos, publicados nos jornais, mostram a horrenda manipulação que se está fazendo, e é bom que os que, a partir de uma posição de fé religiosa, estão se deixando impressionar por esta “onda” tomem deles conhecimento.
José Serra tornou-se ministro da Saúde sucedendo a carlos Albuquerque, em 1998. Um ano antes, Albuquerque tinha entrado em rota de colisão com Fernando Henrique Cardoso por anunciar que iria pedir ao presidente que vetasse a regulamentação dos casos de aborto previstos em lei – estupro e risco iminente de vida da mãe.
A atitude de Albuquerque foi condenada pela então primeira-dama Ruth Cardoso (matéria da Folha de S.Paulo, aqui para assinantes) e recebeu veemente condenação daquele jornal, em editorial:
“A lamentável declaração do ministro da Saúde, Carlos Albuquerque, de que pretende recomendar ao presidente Fernando Henrique Cardoso o veto ao projeto de lei que obriga o SUS (Sistema Único de Saúde) a realizar abortos legais, vem se somar ao clima emocional e de desinformação já criado em torno do tema.Trata-se somente de garantir o exercício de um direito já adquirido. Até hoje, as mulheres têm dificuldades de colocá-lo em prática, especialmente quando a gravidez resulta de violência. A grande maioria dos hospitais ainda recusa-se a fazer o aborto sem autorização judicial ou antes do término do inquérito policial, o que muitas vezes demanda um tempo excessivo, inviabilizando o procedimento.”
Albuquerque voltou atrás e assinou uma resolução determinando a regulamentação, dias antes de ser substituído por Serra, o que também está publicado na Folha (para assinantes).
E José Serra, fez, como deveria ter feito, esta regulamentação, autorizando a realização dos abortos legalmente permitidos, independentemente de autorização judicial, mas com a simples apresentação de um Boletim de Ocorrência, sob o argumento – relevante – de que a demora de uma ordem judicial poderia inviabilizar a realização de algo determinado pela legislação. É ele, pessoalmente, que m assina a regulamentação. Está lá, também, na mesma Folha de S. Paulo, no dia 6 de novembro de 1998.
Isso não faz de Serra um abortista. Mas, certamente, se tivéssemos um caráter baixo, permitiria fazer este tipo de exploração.
Mas faz de Serra um caráter baixo, por usar aquilo que ele sabe que não é verdadeiro para aterrorizar, iludir, enganar e ganhar o voto dos incautos.
Quem (ainda) tiver assinatura da Folha, pode conferir as matérias. Vou tentar reproduzi-las, em imagens, aqui no blog. Não devem servir para mostrar uma posição de Serra contra ou a favor do aborto, porque não é disto do que se tratava, mas do cumprimento da lei brasileira e de um ato médico.
Mas deve servir para mostrar o quão abjeta pode ser a atitude de alguém que não hesita em apelar para a mentira, a difamação e a empulhação para conquistar o voto de pessoas honradas, iludidas na sua boa-fé.
E, ainda, dos jornais que preferem manter estas suas próprias notícias no limbo do esquecimento, para que a manobra suja surta efeito.
Aliás, nem mesmo é a legalização ou não do aborto o que se está discutindo, mas, no máximo, o atendimento médico público a quem o praticou.
E parece evidente que isso é uma questão humanitária, até. Será que, em sã conciência, o responsável pela gestão da saúde pública, ministro de Estado da Saúde poderia mandar negar atendimento a uma mulher nestas condições?
Não creio que nenhum dos dois candidatos ou qualquer líder religioso – se tiver mesmo princípios cristãos – mande dizer a uma mulher nesta situação: “olha, minha filha, morra aí sem assistência, porque nós não vamos tratá-la. Ou, se você for rica, procure um hospital particular” . Aliás, médico algum digno da profissão deixaria uma pessoa morrer sem atendimento.
O que Serra está fazendo com essa questão, isso sim, é dar provas de que não tem respeito pelo primeiro dos princípios que deve nortear a fé ou até mesmo a filosofia: a verdade.
Os fatos, os simples fatos, publicados nos jornais, mostram a horrenda manipulação que se está fazendo, e é bom que os que, a partir de uma posição de fé religiosa, estão se deixando impressionar por esta “onda” tomem deles conhecimento.
José Serra tornou-se ministro da Saúde sucedendo a carlos Albuquerque, em 1998. Um ano antes, Albuquerque tinha entrado em rota de colisão com Fernando Henrique Cardoso por anunciar que iria pedir ao presidente que vetasse a regulamentação dos casos de aborto previstos em lei – estupro e risco iminente de vida da mãe.
A atitude de Albuquerque foi condenada pela então primeira-dama Ruth Cardoso (matéria da Folha de S.Paulo, aqui para assinantes) e recebeu veemente condenação daquele jornal, em editorial:
“A lamentável declaração do ministro da Saúde, Carlos Albuquerque, de que pretende recomendar ao presidente Fernando Henrique Cardoso o veto ao projeto de lei que obriga o SUS (Sistema Único de Saúde) a realizar abortos legais, vem se somar ao clima emocional e de desinformação já criado em torno do tema.Trata-se somente de garantir o exercício de um direito já adquirido. Até hoje, as mulheres têm dificuldades de colocá-lo em prática, especialmente quando a gravidez resulta de violência. A grande maioria dos hospitais ainda recusa-se a fazer o aborto sem autorização judicial ou antes do término do inquérito policial, o que muitas vezes demanda um tempo excessivo, inviabilizando o procedimento.”
Albuquerque voltou atrás e assinou uma resolução determinando a regulamentação, dias antes de ser substituído por Serra, o que também está publicado na Folha (para assinantes).
E José Serra, fez, como deveria ter feito, esta regulamentação, autorizando a realização dos abortos legalmente permitidos, independentemente de autorização judicial, mas com a simples apresentação de um Boletim de Ocorrência, sob o argumento – relevante – de que a demora de uma ordem judicial poderia inviabilizar a realização de algo determinado pela legislação. É ele, pessoalmente, que m assina a regulamentação. Está lá, também, na mesma Folha de S. Paulo, no dia 6 de novembro de 1998.
Isso não faz de Serra um abortista. Mas, certamente, se tivéssemos um caráter baixo, permitiria fazer este tipo de exploração.
Mas faz de Serra um caráter baixo, por usar aquilo que ele sabe que não é verdadeiro para aterrorizar, iludir, enganar e ganhar o voto dos incautos.
Quem (ainda) tiver assinatura da Folha, pode conferir as matérias. Vou tentar reproduzi-las, em imagens, aqui no blog. Não devem servir para mostrar uma posição de Serra contra ou a favor do aborto, porque não é disto do que se tratava, mas do cumprimento da lei brasileira e de um ato médico.
Mas deve servir para mostrar o quão abjeta pode ser a atitude de alguém que não hesita em apelar para a mentira, a difamação e a empulhação para conquistar o voto de pessoas honradas, iludidas na sua boa-fé.
E, ainda, dos jornais que preferem manter estas suas próprias notícias no limbo do esquecimento, para que a manobra suja surta efeito.
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