quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O SILÊNCIO OBSEQUIOSO DE "O ESTADO DE MINAS"

Luiz Carlos Azenha
O silêncio obsequioso de “O Estado de Minas”
por Luiz Carlos Azenha

O Estado de Minas é visto como jornal porta-voz do ex-governador mineiro Aécio Neves.

O repórter Amaury Ribeiro Jr., autor do livro Os Porões da Privataria, trabalhou naquele jornal.

Em artigo de Leandro Fortes, publicado na CartaCapital, o papel de Amaury no jornal mineiro foi descrito assim:


Em uma entrevista que será usada como peça de divulgação do livro e à qual CartaCapital teve acesso, Ribeiro Jr. afirma que a investigação que desaguou no livro começou há dois anos. À época, explica, havia uma movimentação, atribuída ao deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), visceralmente ligado a Serra, para usar arapongas e investigar a vida do governador tucano Aécio Neves, de Minas Gerais. Justamente quando Aécio disputava a indicação como candidato à Presidência pelos tucanos. “O interesse suposto seria o de flagrar o adversário de Serra em situações escabrosas ou escândalos para tirá-lo do páreo”, diz o jornalista. “Entrei em campo, pelo outro lado, para averiguar o lado mais sombrio das privatizações, propinas, lavagem de dinheiro e sumiço de dinheiro público.”

O texto completo do Leandro está aqui.

O lançamento do livro, anunciado inicialmente para depois da Copa do Mundo da África do Sul, acabou adiado para 2011.

Mas a introdução do livro foi publicada por Paulo Henrique Amorim, no Conversa Afiada, e reproduzida aqui.

Portanto, é apenas natural que a Polícia Federal, ao investigar o episódio da quebra de sigilo fiscal, ouça não só o repórter, como investigue também se foi durante a passagem dele por O Estado de Minas que, em nome de Aécio Neves ou de outro político, alguma ilegalidade foi cometida, por petistas, tucanos ou quem quer que seja.

O curioso é que O Estado de Minas não deu destaque, até agora, às notícias sobre a quebra de sigilo fiscal de tucanos ou da filha do ex-governador José Serra.

Hoje o blogueiro Daniel Florencio, que é de Minas, sustentou que neste caso todos os caminhos levam a Minas Gerais. Ele reproduziu um texto que escreveu para o blog do Noblat mas que, curiosamente, o Noblat resolveu não publicar. Está aqui.

Não devemos subestimar o mau humor existente entre José Serra e Aécio Neves, nos bastidores do PSDB, em 2009, quando aconteceram as violações de sigilo . Foi uma guerra pública, travada por terceiros em nome dos governadores tucanos.

A coisa chegou a tal ponto que, no início de 2009, uma pessoa ligada a Serra escreveu, em O Estado de S. Paulo, o famoso artigo Pó Pará Governador?, que o Viomundo reproduziu na época.

O Viomundo também reproduziu o editorial de O Estado de Minas, de 03.02.2010, intitulado Minas a reboque, não!

Como o jornal mineiro é visto, repito, como porta-voz de Aécio Neves, o editorial teria sido a resposta final de Aécio a José Serra: Não, ele não seria o candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por José Serra.

No dia seguinte à publicação do editorial, o site Uai, ligado aos Diários Associados (O Estado mineiro é um deles), repercutiu o assunto, aqui.

Portanto, é apenas natural que a Polícia Federal ouça o repórter Amaury Ribeiro Jr. e, num segundo momento, se achar necessário diante do que ele disser, ouça também o diretor do jornal Josemar Gimenez e quem sabe até mesmo o presidente dos Diários Associados, Álvaro Teixeira da Costa.

O importante, neste caso, como já escrevi anteriormente, é que a PF não deixe pedra sobre pedra.

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