segunda-feira, 5 de julho de 2010

POR PALANQUE NO DF, PSDB DE SERRA "FECHA" COM RORIZ




Blog Josias de Souza

Por palanque no DF, PSDB de Serra ‘fecha’ com Roriz

No Brasil dos últimos anos, a coerência política tornou-se coisa remota e inencontrável. Sumiu de cena.

Velha e rejeitada, enlouqueceu. Recolhida a um hospício desconhecido, a coerência faz tricô com as linhas da contradição.

Nesta segunda (5), o PSDB renovou o estoque de novelos que mantém a envelhecida senhora ocupada.

Depois de anunciar a conversão de Índio ‘Ficha Limpa’ da Costa em vice de José Serra, o tucanato aliou-se em Brasília a Joaquim ‘Prontuário Sujo’ Roriz.

Roriz (PSC) disputará o governo do DF ao lado de dois candidatos ao Senado: Maria de Lourdes Abadia (PSDB) e Alberto Fraga (DEM).

A trinca oferecerá palanque na Capital da República a Serra. A chapa será registrada ainda nesta segunda.

De antemão, o procurador eleitoral do DF, Renato Brill de Góes, avisa: vai à Justiça para impugnar a candidatura de Roriz.

Pretende enquadrá-lo na recém-nascida lei da Ficha Limpa, da qual o vice de Serra foi um dos relatores na Câmara.

Reza a lei que políticos que renunciam ao mandato para fugir à cassação ficam inelegíveis por oito anos.

Eleito senador em 2006, Roriz renunciou em 2007. Os advogados do candidato já preparam o recurso.

Alegarão que, para os casos de renúncia, a Ficha Limpa só vale para o futuro. Não seria retroativa.

Ao firmar com Roriz uma coligação com ares de aliança partidária com fins lucrativos, o PSDB aproxima Serra de uma encrenca que o candidato prometia conjurar.

Hoje rompido com o ex-tucano e ex-demo José Roberto Arruda, Roriz traz enganchado à biografia o título de mentor político do ex-presidiário.

Autor da cinemateca que fez do “panetonegate” o mais bem documentado escândalo político da história, Durval Barbosa também é cria de Roriz.

Em depoimento à Procuradoria e à PF, Durval disse que o panetone brasiliense foi ao forno sob Roriz. Arruda apenas aumentou as fornada$.

Como se fosse pouco, Roriz é réu em duas ações movidas pelo Ministério Público. Em ambas, é acusado de improbidade administrativa.

Numa, tenta-se condenar Roriz a devolver R$ 13 milhões às arcas do DF. Se condenado, ficará inelegível até 2018.

Noutra, o candidato já arrosta uma condenação de primeira instância. Verificou-se que voou em helicóptero custeado pelo governo quando era ex-governador.

Como se trata de sentença monocrática, expedida por um juiz solitário, a decisão ainda não imprimiu na ficha de Roriz uma nova nódoa.

A lei do Ficha Limpa exige sentenças de segunda instância, decisões de colegiadas.

Deve-se a costura da aliança brasiliense ao presidente do PSDB local, Márcio Machado.

Vem a ser ex-secretário do governo Arruda. Deixou o governo depois que se verificou que estava envolvido na coleta de panetones.

"Esse acordo é do interesse da candidatura do Serra, esse foi o ponto de definição para se chegar ao acordo”, disse o tucano Machado.

“Houve um pedido da Executiva Nacional, que quer um palanque forte para o Serra aqui no DF".

Como se vê, o PSDB parece decidido a converter as eleições de outubro numa loteria sem prêmio no final.

E a democracia, num político que saiu pelo ladrão. E o eleitor num cidadão escalado para optar entre o lamentável e o impensável.

Fica-se com a impressão de que os operadores de Serra, por pragmáticos, trazem os pés no chão. E as mãos também.

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