24.6.10 Por que Dilma ultrapassa Serra nas pesquisas de preferência Reflexões sobre marketing político
José Walter Toledo Silva
Não me causa surpresa Dilma ter ultrapassado Serra nas pesquisas de opinião, conforme noticiam os jornais de hoje, dia 24/06 /2010.
A tendência de se acentuar a dianteira dela parece-me clara.
Não trato aqui de quem poderá ser o melhor presidente.
Reflito, sim, sobre as causas prováveis da preferência dos eleitores.
Esta se deve, em grande parte, à superioridade do marketing da Dilma e aos graves erros de marketing do Serra.
O pior marketing de Serra em relação ao PT já se fez notar quando ele perdeu as eleições de 2002 para Lula, obtendo apenas 38,7% dos votos contra os 61,3% de Lula.
Em 2006, o PSDB, com Geraldo Alckmin, sofre nova derrota para Lula, obtendo apenas 39,2% dos votos, contra 60,8% para Lula.
Em junho de 2010, Lula é o mais popular presidente da história do Brasil e em todo o mundo. Segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo sua nota média chegou a 7,8, o percentual dos eleitores que acham sua gestão ótima ou boa é de 75% e 86% aprovam sua maneira de governar.
Em números redondos: há 130 milhões de eleitores no Brasil, dos quais 112 milhões aprovam o modo de governar do atual governo. Esse nível de apoio inédito implica em elevada, senão majoritária aprovação do governo em todos os segmentos geográficos, sócio-econômicos, culturais, etários.
Assim, Serra e o PSDB sabem que dependem da conversão dos eleitores que apóiam o atual governo para se eleger, mas, com base nesse fato, cometem o erro estratégico fatal de não atacar clara e agressivamente, ponto por ponto, políticas do governo com as quais não estão de acordo, esclarecendo suas propostas alternativas. O medo de atacar políticas de um governo com excepcional popularidade faz o tiro sair pela culatra.
É praticamente impossível lutar contra o carisma do presidente que se reflete em sua candidata. (A transferência de popularidade têm sempre ocorrido em nossa política, sendo exemplos clássicos em São Paulo o efeito Ademar para eleger Garcez, Jânio para eleger Carvalho Pinto e Maluf para eleger Pitta).
Em política e em religião, as preferências do público são primordialmente determinadas por crenças, pelas promessas que lhes atraem e pela credibilidade que conferem às mesmas.
Assim, está certo que a oposição poupe ataques às pessoas dos governantes, mas está errado que deixe de identificar áreas de conflitos e as soluções propostas, deslocando o debate, tanto quanto possível, do terreno pessoal para políticas de interesse público.
A aceitação de Lula/Dilma deve-se à capacidade deles, superior à da oposição, de colocar o foco em identificar e abordar com melhor comunicação, pontos-chave de interesse público.
Todos buscam renda, emprego, segurança. As propostas específicas da oposição nessas áreas precisariam ser melhores e transmitir mais credibilidade que as do governo, para trazer resultados em preferência dos eleitores.
Economia, Saúde, Educação, Meio Ambiente, Energia, Relações Internacionais, Infra-Estrutura em diversos setores, Defesa, são áreas que requerem claras definições de políticas comunicadas com clareza, em linguagem que sensibilize o público, mas estas questões não podem tirar o foco daquelas de interesse primordial, acima mencionandas.
Há vários aspectos de marketing político de sucesso que requerem atenção, como imagem dos candidatos e de sua entourage em suas aparições públicas, conteúdo da propaganda e veículos utilizados para disseminá-la. Se é difícil estabelecer qual o posicionamento de imagem que atrai o público, é certo que um posicionamento firme e consistente produz mais resultados do que postura hesitante e amorfa.
A maior utilização de mídia local por Dilma é uma vantagem que a aproxima mais do eleitor.
A sigla e emblemática do PT é mais enfática, mais fácil de lembrar, apresentando significado mais compreensível que a do PSDB.
24.6.10
ResponderExcluirPor que Dilma ultrapassa Serra nas pesquisas de preferência
Reflexões sobre marketing político
José Walter Toledo Silva
Não me causa surpresa Dilma ter ultrapassado Serra nas pesquisas de opinião, conforme noticiam os jornais de hoje, dia 24/06 /2010.
A tendência de se acentuar a dianteira dela parece-me clara.
Não trato aqui de quem poderá ser o melhor presidente.
Reflito, sim, sobre as causas prováveis da preferência dos eleitores.
Esta se deve, em grande parte, à superioridade do marketing da Dilma e aos graves erros de marketing do Serra.
O pior marketing de Serra em relação ao PT já se fez notar quando ele perdeu as eleições de 2002 para Lula, obtendo apenas 38,7% dos votos contra os 61,3% de Lula.
Em 2006, o PSDB, com Geraldo Alckmin, sofre nova derrota para Lula, obtendo apenas 39,2% dos votos, contra 60,8% para Lula.
Em junho de 2010, Lula é o mais popular presidente da história do Brasil e em todo o mundo. Segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo sua nota média chegou a 7,8, o percentual dos eleitores que acham sua gestão ótima ou boa é de 75% e 86% aprovam sua maneira de governar.
Em números redondos: há 130 milhões de eleitores no Brasil, dos quais 112 milhões aprovam o modo de governar do atual governo. Esse nível de apoio inédito implica em elevada, senão majoritária aprovação do governo em todos os segmentos geográficos, sócio-econômicos, culturais, etários.
Assim, Serra e o PSDB sabem que dependem da conversão dos eleitores que apóiam o atual governo para se eleger, mas, com base nesse fato, cometem o erro estratégico fatal de não atacar clara e agressivamente, ponto por ponto, políticas do governo com as quais não estão de acordo, esclarecendo suas propostas alternativas. O medo de atacar políticas de um governo com excepcional popularidade faz o tiro sair pela culatra.
É praticamente impossível lutar contra o carisma do presidente que se reflete em sua candidata. (A transferência de popularidade têm sempre ocorrido em nossa política, sendo exemplos clássicos em São Paulo o efeito Ademar para eleger Garcez, Jânio para eleger Carvalho Pinto e Maluf para eleger Pitta).
Em política e em religião, as preferências do público são primordialmente determinadas por crenças, pelas promessas que lhes atraem e pela credibilidade que conferem às mesmas.
Assim, está certo que a oposição poupe ataques às pessoas dos governantes, mas está errado que deixe de identificar áreas de conflitos e as soluções propostas, deslocando o debate, tanto quanto possível, do terreno pessoal para políticas de interesse público.
A aceitação de Lula/Dilma deve-se à capacidade deles, superior à da oposição, de colocar o foco em identificar e abordar com melhor comunicação, pontos-chave de interesse público.
Todos buscam renda, emprego, segurança. As propostas específicas da oposição nessas áreas precisariam ser melhores e transmitir mais credibilidade que as do governo, para trazer resultados em preferência dos eleitores.
Economia, Saúde, Educação, Meio Ambiente, Energia, Relações Internacionais, Infra-Estrutura em diversos setores, Defesa, são áreas que requerem claras definições de políticas comunicadas com clareza, em linguagem que sensibilize o público, mas estas questões não podem tirar o foco daquelas de interesse primordial, acima mencionandas.
Há vários aspectos de marketing político de sucesso que requerem atenção, como imagem dos candidatos e de sua entourage em suas aparições públicas, conteúdo da propaganda e veículos utilizados para disseminá-la. Se é difícil estabelecer qual o posicionamento de imagem que atrai o público, é certo que um posicionamento firme e consistente produz mais resultados do que postura hesitante e amorfa.
A maior utilização de mídia local por Dilma é uma vantagem que a aproxima mais do eleitor.
A sigla e emblemática do PT é mais enfática, mais fácil de lembrar, apresentando significado mais compreensível que a do PSDB.