Embora seja um desafio global, o impacto negativo dos eventos
extremos relacionados às mudanças climáticas e dos crimes ambientais recai,
principalmente, sobre as populações empobrecidas. Um estudo do Instituto
Pólis, Racismo ambiental e justiça socioambiental nas cidades ,
realizado em 2022 nas cidades de São Paulo, Recife e Belém, mostrou que as
pessoas negras e de baixa renda são maioria nas áreas menos dotadas de
infraestrutura e serviços ambientais básicos e que são as mais afetadas pelos
desastres e crimes ambientais no país.
“Durante muito tempo, o racismo foi tirado de cena na questão
ambiental. O racismo ambiental fala sobre como essas injustiças ambientais
privam a população negra e os povos indígenas de humanidade e direitos”,
explica o geógrafo Diosmar Santana Filho, pesquisador da Universidade Federal
Fluminense (UFF) e autor do livro A geopolítica do Estado e o território
quilombola no século 21 .
Um exame rápido de eventos recentes evidencia isso: 84,5% das
vítimas imediatas do rompimento da barragem em Mariana (MG) eram
negras. O desastre do ano de 2015 foi de responsabilidade da
mineradora Samarco, que poluiu a bacia do Rio Doce com rejeitos de mineração,
destruiu casas e matou 19 pessoas. A lama tóxica contaminou as águas do rio,
matando peixes e comprometendo a subsistência de comunidades
ribeirinhas e do povo indígena krenak. Mais.
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