O ESTOURO DE UMA BOIADA CAUSA PÂNICO
ENTRE OS FEIRANTES
Os mais antigos ainda comentam o vexame vivido na cidade no inicio da década de 60, quando uma boiada se misturou com feirantes e usuários em plena feira-livre da segunda-feira, 13 de fevereiro de 1961. Com o titulo acima vale a pena a leitura na íntegra da matéria publicada no jornal “Gazeta do Povo” que circulou no domingo, 19 de fevereiro, contando como tudo aconteceu:
Eram precisamente 17 horas de segunda-feira passada, quando uma boiada penetrando nas praças da Bandeira e João Pedreira, onde se encontrava, ainda, grande numero de feirantes, causou pânico, vítimas e prejuízos a vários barraqueiros e negociantes.
O FATO
Procedente de Minas entrou nesta cidade, uma grande boiada de animais receados, que foi adquirida para a Petrobrás e após a pesada, arrastada para seguir o seu destino, tomando a direção do leito da linha férrea.
Eram 80 bois, todos de grande porte, que seguiam a marcha normal conduzidos por meia dúzia de adestrados vaqueiros. Em determinado momento algo imprevisto espantou o guia da boiada fazendo com que essa estourasse de forma espetacular em direção a cidade, penetrando na Avenida Senhor dos Passos e em seguida invadindo o local da feira, onde ainda se comprimiam cerca de 3 para 4 mil pessoas que se arrumavam para deixar o local.
O
pânico foi indescritível. Barracas foram destroçadas em minutos, mercadorias
atiradas para longe, casas comerciais invadidas, gente trepando nas árvores,
cada qual procurando livrar-se do ímpeto dos animais que galopavam sem destino,
seguidos pelos vaqueiros.
MILAGRE
Felizmente, passados os primeiros minutos de confusão, foi-se restabelecendo a calma entre o povo, cada qual procurando conhecer os seus prejuízos.
Cinco pessoas foram as vítimas, sendo três delas hospitalizadas em mau estado. O fato pela sua extensão era para trazer conseqüências bem funestas se a ocorrência fosse verificada quando maior era o movimento na feira, num horário mais cedo.
PREJUIZOS
Vários negociantes tiveram as suas barracas destruídas sendo que as mercadorias de muitos deles desapareceram na confusão do “salve-se quem puder”.
O comércio também foi prejudicado, pois muitos estabelecimentos comerciais fecharam as suas portas no momento mais propicio das vendas.A Loja Roma teve as suas portas cerradas por muito tempo, pois em sua frente dois animais foram subjugados e amarrados de corda, lá permanecendo até altas horas da noite.
A nossa reportagem procurou ouvir o gerente do citado estabelecimento, Sr. Osvaldo Chaves o qual nos declarou que realmente a firma em que trabalha foi grandemente prejudicada com o acontecimento, pois, a freguesia toda se retirou logo refeita do abalo, tendo a casa sido invadida pelo povo. Se não fosse a sua atitude de cerrar as portas, certamente o prejuízo ainda poderia ser maior, pois nessas ocasiões os aproveitadores agem praticando furtos.
AUSENCIA DAS AUTORIDADES
Um
fato que causou estranheza foi a ausência completa de autoridades. Os dois
animais que foram subjugados e amarrados de corda permaneceram até altas horas
da noite na praça, a espera de qualquer providencia que não apareceu. Apenas o
soldado Adalberto Dionísio da França da PM, servindo no transito, permaneceu
junto a um dos animais, evitando que alguém se aproximasse do mesmo, que vez
por outra tentava levantar-se, ocasionando correrias. Esse militar soube cumprir
com o seu dever e merece de nossa parte elogios. Eram quase 23 horas quando a
nossa reportagem deixou o local e nele ainda se encontravam os dois animais”.
Matéria extraída da “Gazeta do Povo”, de domingo, 19 de fevereiro de 1961
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