Por Fernando Brito
Dias atrás, ao comentar a visita
de Carlos Lupi, presidente do PDT, a Lula, em Curitiba, disse que esta era a
visita que deveria ter sido feita por Ciro Gomes.
Tenho certeza que, a esta altura
da crise nacional, Lula teria visitado Ciro, se pudesse. Não pode porque, como
grosseiramente disse o irmão Cid Gomes, “está preso, ô babaca”.
Hoje, Ciro Gomes fez a
demonstração do quanto está correto o que disse e que evitei polemizar com
aqueles companheiros que, com sinceridade, embora com razões menores, defendiam
sua omissão.
Diz, em entrevista, que “não
visitaria o ex-presidente Lula na prisão se o petista pedisse“.
Ciro, permita que desde a minha
humildade eu te diga: política não é a arte de guardar rancores e frustrações.
Se fosse, Brizola jamais o teria
apoiado depois do que você disse dele, em 1993, como estampa esta manchete de O
Globo. Quem me chamou a atenção para ela foi um companheiro de três décadas, do
qual quase sempre divergi e com o qual isso jamais foi razão para romper a
amizade e o respeito pessoal e político.
Ninguém me contou: eu ouvi o
apelo de Brizola a que você desistisse em favor de Lula em 2002 e soube de sua
irada reação.
Lupi, com quem tive as maiores
divergências e a quem dirigi o meu pedido de desligamento do PDT, depois de
mais de 20 anos de militância política, merece o meu respeito: como ex-ministro
e integrante do governo de Lula, como você foi, não poderia ter deixado de
emprestar sua solidariedade pessoal a Lula, ainda que convidado a visitá-lo.
Agiu como um homem de bem, e você
não.
O que você espera ganhar com
isso, os ex-bolsonaristas que ainda acham que ele foi um “mal menor” frente ao
mais reconhecido presidente da história recente do país?
Você a negaria a visita a um
homem submetido à injustiça e ao martírio, como confessa, mesmo que houvesse um
convite.
Tomara que não tenha havido.
Seria imerecido.
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