Por Fernando Brito
O Brasil já é campeão de mortes provocadas por conflitos
agrários.
E, embora seja difícil metrificar isso, certamente é um dos
maiores – senão o maior – índice de impunidade por elas.
Jair Bolsonaro deu, hoje, o comando para que esta desgraça
aumente, ao açular uma feira ruralista dizendo que apresentará um projeto de
lei descriminalizando o assassinato de quem for acusado de invadir terras.
Ainda que o faça “armado” apenas de mulher, filhos e trouxas
de roupa.
Por que, diz o presidente, a propriedade rural “é sagrada”.
A vida não é sagrada, pois. Estão revogados o Primeiro
Mandamento e as disposições em contrário na lei dos homens.
Os cultivadores de “laranjais”, como Fabrício Queiroz, têm
direito a um processo legal; o Ministro do Turismo tem direito, também, mas não
os bóias-frias que colhem as laranjas de verdade.
Com estes é a bala, como sempre foi, aliás.
A diferença é que, ao menos, estávamos inconformados que
fosse assim. Chico Mendes, Dorothy Stang, os mortos de Eldorado de Carajás eram
vergonhas, mas, hoje, parecem ser o exemplo do que o país deve fazer com quem
não aceita ser expulso, corrido como cão sarnento de terras tão imensas que
delas não se vê o fim.
Agora, os “produtores” que nunca puseram a mão numa enxada,
batem palmas e urram por seu “mito”, antes de embarcarem em suas camionetes de
luxo, chacoalhando ao som do “sertanejo universitário”.
Sai o “Plante que o Governo garante” da ditadura e entra o
“mate que o Bolsonaro garante”.
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