Por Fernando Brito
Tem um sabor ácido a reportagem curiosa do UOL, hoje, que
narra os problemas das plantações de abacaxi pela falta de jornais velhos que
embrulhe os frutos ainda jovens, para protegê-los do sol, que a planta pede.
Sou do tempo em que a transitoriedade da “glória”
jornalística era simbolizada pela frase: “o jornal de hoje embrulha o peixe de
amanhã” e isso ensinava muito aos jornalistas.
Podava-lhes a pretensão e os continha no papel de narrador,
não o de personagem, dos fatos.
Vivi o efeito terrível da televisão sobre o jornalismo e não
foram um nem dois que se perderam na vacuidade de se tornarem subcelebridades,
moléstia que se espalhou para a internet e que, em todos os campos, é de
horrorizar aos veteranos do tempo em que se dizia que “jornalista não é notícia”.
Li, hoje, que a Abraji – Associação Brasileira de Jornalismo
Investigativo – financiada por 20
jornais – fará um “centro de checagem”
de supostas “fakenews” na internet.
É triste ver que o “ímpeto desmistificador” da geração mais
jovem de jornalistas não tenha a mesma intensidade contra as “semi-fakenews” da
mídia convencional, esta mesma que
embrulhou, para o país, o “abacaxi” gigante representado pelo golpe parlamentar
e judicial que nos atirou no desastre – institucional, político, econômico e
social – que nos encontramos hoje.
É tão ridículo quanto ler chamadas como as que temos hoje,
sobre a pesquisa CNI-Ibope, que dizem que “CNI/Ibope: Bolsonaro e Marina estão
tecnicamente empatados“, como faz a Veja; ou como “Bolsonaro e Marina estão em empate técnico
na liderança, diz CNI/Ibope“, como diz o Valor; ou ainda como faz O Globo:
“CNI/Ibope: Bolsonaro 17%, Marina 13%, Ciro 8%, Alckmin 6% e Álvaro Dias 3%“,
todos omitindo o fato central, que é o de Lula ter mais que a soma de ambos quando
seu nome não é retirado da lista, o que legalmente não foi….
Um quilo de fakenews nas redes sociais tem menos peso que
uma grama de distorção no Jornal Nacional. COMENTÁRIOS
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