Num país onde os erros do Judiciário não costumam ser
debatidos nem avaliados com a franqueza necessária, a sentença que em 1936
negou o habeas corpus a Olga Benário, militante comunista e primeira mulher do
líder do PCB Luiz Carlos Prestes, permitindo que fosse expulsa para a Alemanha
nazista, onde foi morta numa câmara de
gás, costuma ser apontada como um exemplo antológico de parcialidade e
submissão da mais alta corte do país a interesses espúrios ao Estado
Democrático de Direito.
Oitenta e dois anos depois, o processo contra Luiz Inácio
Lula da Silva, condenado sem prova a
doze anos e um mês, ameaça se transformar num caso equivalente no Brasil do
século XXI, país que até há pouco tinha o direito de se imaginar livre de
grande parte das barbaridades típicas de governos autoritários presentes no
processo contra Olga Benário.
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