Por Fernando Brito
40 anos atrás, nos tempos da TV engatinhando e
m preto e
branco, um apresentador de programas de prêmios chamado Jota Silvestre tinha um
quadro onde um infeliz era colocado numa “cabine à prova de som” e tinha de
responder “sim” ou “não” às propostas de trocar o prêmio inicial por outros que
ele nem imaginava o que fosse.
E lá ia o desgraçado, respondendo com um sonoro “sim!!!” à
pergunta sobre se queria trocar o fusquinha zero km por um pé de alface.
Por vezes, isso me vem à cabeça quando vejo a onda moralista
que assola o Brasil desde as famosas “jornadas de junho” e o “padrão Fifa” que
de imediato o sucedeu.
É óbvio que houve certa deterioração econômica, mas é
difícil dizer o quanto a deterioração política veio da econômica e quando da
econômica veio da política.
Mas houve uma fantasia coletiva, abarcada inclusive por
parte de uma soi-disant esquerda de que era possível a “política perfeita” em
meio a uma estrutura política que carrega a podridão de séculos, querendo, como bons pequenos-burgueses sempre o fazem,
reduzir a luta política a uma questão moral e ética.
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