Por Fernando Brito
Admita-se que o sr. Guido Mantega, que sempre recebeu deste
blog a defesa em todas as indignidades que com ele se fez, como a de o mandarem
prender na antessala do centro cirúrgico onde sua mulher se submeteria a uma
cirurgia oncológica, esteja dizendo a verdade.
Admita-se que, como ele diz ser capaz de provar, o depósito
que recebeu no exterior seja relativo à venda de um imóvel de seu pai e que
tenha sido anterior à sua chegada ao Ministério da Fazenda, como confessa em
sua petição ao STF.
Ainda assim, com todo o benefício destas presunções, o Sr.
Guido Mantega não tinha o direito de, antes e depois de ser Ministro da
Fazenda, deixar de declarar a posse de dinheiro numa conta no exterior.
E as palavras não poderiam ser mais claras: “Aproveita,
outrossim, para esclarecer que não espera perdão nem clemência pelo erro que
cometeu ao não declarar valores no exterior”.
Mesmo que tudo seja honesto e lícito, ocultar estes valores
não é.
Não é do ponto-de-vista fiscal e não é do ponto-de-vista
moral. Para ninguém e muito menos para alguém que ocupa o Ministério da Fazenda
de um governo popular.
A omissão nunca é decente e, por isso, este blog faz questão
de assumir posição.
Não por moralismo, mas por consequências políticas.
Eu, você e qualquer um estamos sujeitos a pendências
fiscais. A elas, contesta-se ou se as quita.
Já fiz ambas as coisas, por ter razão e por não ter razão.
Mas nada fica obscuro.
Mantega, ministro da Fazenda, só pode ser um imbecil se
achar que suas contas não serão rastreadas mil vezes, aqui e lá fora e que
qualquer transação, mesmo a mais lícita, tem de estar registrada e declarada.
O desvio de conduta de Mantega é algo que se resolve pagando
as multas e penalidades pelo que ocultou.
Mas o desvio moral não tem paga possível.
Embora nem Lula nem Dilma soubessem do ocultamento, como é
evidente, é a eles que Mantega traiu com sua atitude estúpida e pueril. Burra,
antes de tudo, porque a omissão de nada o protegeu e a tudo o expõe, agora.
Como ser humano, posso ter piedade de Guido Mantega.
Como ser político, não.
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