terça-feira, 30 de maio de 2017

GUIDO MANTEGA NÃO TINHA O DIREITO DE SER UM IMBECIL

Por Fernando Brito

Admita-se que o sr. Guido Mantega, que sempre recebeu deste blog a defesa em todas as indignidades que com ele se fez, como a de o mandarem prender na antessala do centro cirúrgico onde sua mulher se submeteria a uma cirurgia oncológica, esteja dizendo a verdade.

Admita-se que, como ele diz ser capaz de provar, o depósito que recebeu no exterior seja relativo à venda de um imóvel de seu pai e que tenha sido anterior à sua chegada ao Ministério da Fazenda, como confessa em sua petição ao STF.

Ainda assim, com todo o benefício destas presunções, o Sr. Guido Mantega não tinha o direito de, antes e depois de ser Ministro da Fazenda, deixar de declarar a posse de dinheiro numa conta no exterior.

E as palavras não poderiam ser mais claras: “Aproveita, outrossim, para esclarecer que não espera perdão nem clemência pelo erro que cometeu ao não declarar valores no exterior”.

Mesmo que tudo seja honesto e lícito, ocultar estes valores não é.

Não é do ponto-de-vista fiscal e não é do ponto-de-vista moral. Para ninguém e muito menos para alguém que ocupa o Ministério da Fazenda de um governo popular.

A omissão nunca é decente e, por isso, este blog faz questão de assumir posição.

Não por moralismo, mas por consequências políticas.

Eu, você e qualquer um estamos sujeitos a pendências fiscais. A elas, contesta-se ou se as quita.

Já fiz ambas as coisas, por ter razão e por não ter razão.

Mas nada fica obscuro.

Mantega, ministro da Fazenda, só pode ser um imbecil se achar que suas contas não serão rastreadas mil vezes, aqui e lá fora e que qualquer transação, mesmo a mais lícita, tem de estar registrada e declarada.

O desvio de conduta de Mantega é algo que se resolve pagando as multas e penalidades pelo que ocultou.

Mas o desvio moral não tem paga possível.

Embora nem Lula nem Dilma soubessem do ocultamento, como é evidente, é a eles que Mantega traiu com sua atitude estúpida e pueril. Burra, antes de tudo, porque a omissão de nada o protegeu e a tudo o expõe, agora.

Como ser humano, posso ter piedade de Guido Mantega.

Como ser político, não.

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