Por Fernando Brito
Assisto agora a sessão do Senado Federal.
Deprimente.
Desfilam os governistas dizendo que “não há outro jeito”
diante da crise.
Pois é o “não há outro jeito” que nos levou à crise.
Quando estourou a crise de 2008, disseram que não havia
outro jeito senão o arrocho para o Brasil.
Quando Lula fez o contrário e impulsionou a economia, para
que o “tsunami” virasse marolinha, disseram que ele era louco e imprudente.
Não é preciso dizer que era louca e imprudente, isso sim, a
política inaugurada por Joaquim Levy e seguida – de forma estendida no tempo –
por Henrique Meirelles.
Assisto, estarrecido, homens públicos quem, em tese, teriam
visão de estado fazendo a comparação simplória das contas do país com a de uma
casa, onde se tem que gastar menos do que se arrecada como lei.
Bastaria perguntar, porém, a algum empresário se ele colocou
para a frente sua empresa, seu negócio hoje bem sucedido se não contraiu dívidas, se não investiu naquilo que lhe
poderia trazer progresso.
Vejo gente como Cristovam Buarque virar moleque e dizer que
vai votar pelos cortes na educação e na saúde porque não podemos cortar de quem
ganha com taxas de juros:
Nós precisamos votar essa PEC, porque ela é a PEC do óbvio,
não é do teto, não dá para gastar mais. E para passar um recado aos credores,
sim, porque tem gente que não gosta, mas são credores, e já tentamos não pagar
dívida, o Collor quando fez o sequestro; o Sarney, quando fez moratória e não
dá certo, nós vamos precisar passar um recado que traga credibilidade.
Isso, senador, pague-se aos bancos e corte-se das crianças
que o senhor diz defender. Elas são nossas credoras, por séculos recusamo-nos a
pagar-lhes as dívidas, mas elas podem esperar mais 20 anos, com essa PEC, para
que possamos, pelo menos, dar-lhes um pouco que seja.
O senador, já provecto, porta-se como um moleque, mas em
compensação vejo Lindberg Faria, que conheci ainda um moleque, portar-se como
um Senador, com a dignidade que faltou a Cristovam, que se assumiu um sabujo do
capital.
Que não teve uma palavra, sequer, sobre a carga de cavalaria
sobre os estudantes de sua UNB, aqueles que lhe deram sustentos e votos.
O senhor é um Magno Malta com doutorado.
A idade não nos acanalha, nos revela, como ao vinho.
Ou ao vinagre.
Senador Cristovam, quem pinta a cara, é o senhor.
E com as tintas da mais canalha hipocrisia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário