Por Fernando Brito
O comovente apelo feito hoje pela moça da “massa cheirosa”,
Eliane Cantanhêde, ao melhor estilo do “Brasil, ame-o ou deixe-o” do período
Médici, é tão “sem-noção” quanto sua autora.
” O esforço para derrubar Temer, neste momento, é trabalhar
contra o Brasil.”
Ora, Eliane, quem mais se esforça para derrubar Michel
Temer, hoje, do que o grupo governista?
Não foram os servidores da ex-CGU, com suas vassouras e
baldes, que arrumaram a crise da vexatória demissão de Fabiano Silveira, ontem.
Como não foram a juventude e os artistas que detonaram a
crise do Ministério da Cultura, pesadelo inicial dos 19 dias em que a já
escassíssima popularidade de Michel Temer sangra sem descanso.
O problema de Michel Temer é o fato de que um governo que
chega ao poder pela conspiração é, sempre, propriedade do grupo que se integrou
ao complô.
Todos são donos. E, como acontece nas sociedades – sobretudo
na societa celeris – sócios normalmente
vivem às intrigas, na “derrubação”, na disputa por espaços de poder e de
ganhos.
Por isso, já se viu, Temer é refém de todos eles: Cunha,
Renan, “mercado”, Globo, MP, STF…
Não tem, portanto, autonomia de decisão.
Explica-se aí a sua completa imobilidade e as “saias-justas”
que enfrenta. Ajudado, claro, por sua compreta dessintonia com o Brasil
moderno, que exige interlocução própria e não apenas os conchavos de
parlamentares e “coronéis” da política (ou da religião) que se expressa na
maioria dos políticos.
Por isso é cada vez mais difícil Temer, como pretendia ou
pretende ainda, adiar a explicitação do cumprimento daquilo que o puseram lá
para fazer: suprimir programas sociais e liquidar qualquer veleidade de
soberania nacional.
Mesmo os integrantes mais capazes da trupe de colunistas da
direita, como Merval Pereira, já assumem isso claramente, afirmando que “a
tibieza que Temer vem revelando, que não se esvai com um tapa alegórico na
mesa”.
Não, diz Merval, é preciso assumir que vai fazer “o que tem
de ser feito”.
Ceder a um “conjunto
de exigências internacionais de investidores que buscam ambientes transparentes
e seguros para negócios.”
Aí, sim, Eliane, serão as ruas o problema central de Michel
Temer.
Por enquanto, este lugar é dele próprio e de sua associação
golpista.
O problema é quando as pessoas descobrirem que este vídeo
que viralizou na internet está bem perto de ser a pura verdade.