Por Fernando Brito
A história é implacável. E, às vezes, impagável.
A seção de acervo do Estadão traz hoje a lembrança de uma
das mais hilárias cenas que a política produziu: Jânio Quadros, na sua posse
como Prefeito de São Paulo, passando desinfetante na cadeira do gabinete pelo
fato de Fernando Henrique Cardoso ter se sentado nela, antegozando a vitória –
que não teria – nas eleições de 1985.
No dia 2 de janeiro seguinte, seu primeiro dia útil no
cargo, Janio explicou a razão da assepsia:
“Gostaria que os senhores testemunhassem que estou
desinfetando esta poltrona porque nádegas indevidas a usaram”
Jânio é matéria de acervo, mesmo, embora também tenha
deixado lições de a que tipo de personagens a direita pode apelar para
conseguir o que, com seus quadros orgânicos, quase sempre não consegue: vencer eleições
presidenciais. Como o fez, com menos
refinamento, com Fernando Collor.
Mas Fernando Henrique revelava publicamente, no insólito
episódio, o traço doentio que o marcaria na então recém iniciada carreira
política: a vaidade, a pretensão, a ambição.
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