Ficaram para hoje a votação da abertura do processo de
cassação de Eduardo Cunha e da adequação do Orçamento e, salvo engano meu, de
hoje não devem passar.
Dificilmente deixará de haver quorum, porque ainda resta
votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, sem o que não haveria recesso
parlamentar.
Mas não é só por isso.
Já há algum tempo é possível recolher a impressão difusa de
que há um anseio nacional pela volta de uma situação de normalidade, que teima
em voltar após o abalo sísmico da prisão de Delcídio Amaral, após bem armada
ratoeira que nada teve de casual.
Na política e na economia, afundou-se o Brasil com uma
rapidez como poucas vezes se viu, num movimento tão rápido que não se pode
deixar de ver que foi artificial.
Não fomos afundando, fomos empurrados poço abaixo.
E por maior que seja a força que isso faz, passou-se do
ponto de equilíbrio, e o Brasil quer emergir.
Porque o Brasil tornou-se algo tão grande que, como um corpo
de grandes proporções, não pode ser mantido submerso por muito tempo, nem ser
levado abaixo de certa profundidade.
Os movimentos golpistas perderam sua base social, como as
“jornadas de junho” de 2013 reduziram-se aos blacblocs.
Não representam o Brasil real.
Tanto quanto não se inventam revoluções, também não se
inventam retrocessos reacionários.
Mas se alguma decisão precisamos tomar, não há dúvida que é
a de oferecer uma direção à imensa força de sobrevivência que inscientemente
está se despertando.
O Brasil quer ir em frente, “apesar da crise”.
É uma sociedade – e uma economia – que não pode ser contida artificialmente.
O Brasil não cabe mais no figurino colonial.
Podem ter nos roubado um ano; não roubarão uma era.
1964 é impensável em 2015, ainda que com togas em lugar de
fardas.
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