Por Fernando Brito
Fernando Henrique Cardoso, em sua fase outonal, continua,
com afinco, a obra de sua auto-demolição.
Hoje, diz que “é preciso esperar para ver” se Lula é uma
pessoa honrada.] “porque tem saído muita coisa que tem que ser passada a
limpo”.
Fernando Henrique age como se não tivessem ocorrido dezenas
de escândalos em seu governo, um deles diretamente ligado ao benefício pessoal
que colheu com a reeleição, com a mais que comprovada compra de votos, em
dinheiro e cheque, no Congresso.
“”Se houve compra, não foi minha, não foi do PSDB”, diz ele,
empurrando a autoria para “governadores e prefeitos” que também se serviram da
mudança.
Dias antes, já tinha tido outra manifestação aguda de
cinismo, ao dizer que sabia, desde 1996, que “a Petrobras era um escândalo” e
que conhecia até o responsável por “manobrar o esquema”. Nada fez, porém,
porque preferiu concentrar-se em algo muito maior que a roubalheira: a quebra
no monopólio estatal do petróleo.
Também sobre Fernando Henrique saiu “muita coisa”: Sivam,
Pasta Rosa, privatizações (e nestas, uma boa dúzia deles), Proer, BC/Marka
Fonte Cindam, Sanguessugas e por aí vai.
Sé é tudo verdade ou tudo mentira – ou um pouco de ambas – o
país não ficará sabendo porque o Governo tucano jamais permitiu, através de seu
“engavetador-geral da República, que se investigasse.
Não consta, ainda, que o empreiteiros tenham sido mais
honestos com ele que com Lula. Embora, claro, menos dinheiro tenha sido
movimentado, não apenas porque as obras públicas quase inexistiram, mas porque
as “bufunfas” porque se direcionaram à compra dos bens do Estado.
Mesmo com inação do Ministério Público e a camaradagem dos
jornais – ela própria confirmada com ele no episódio em que Otávio Frias, da
Folha, disse-lhe que ia fazer seus colunistas “engolirem” as suspeitas em
relação a FHC – ele sabe que o “saiu muita coisa” também se lhe aplica.
Em relação a ele, já não “temos de esperar para ver”.
Já vimos e ficamos
esperando.
Toda a afetação aristocrática de Fernando Henrique, já
desmoronada pela sua face real não tem retrato melhor que na prole selvagem e
fanática que ele produziu na política.
E ele serve hoje como exemplo de que, na política, a piedade
dos vencedores pode ser um desastre.
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