Por Fernando Brito
Pode parecer estranho aos jovens, mas o Brasil já viveu um
tempo de delicadeza, mesmo em meio a uma realidade opressiva e sangrenta como
aquela da ditadura em que vivi minha infância e adolescência.
Porque a crueldade e a burrice eram as oficiais, mas as
pessoas – a imensa maioria – eram gentis, algo que parece estar demodê.
Vendo pedacinhos do documentário “Chico Buarque – Um artista
brasileiro”, de Miguel Faria Jr. (o que reproduzo abaixo e o do Fantástico, também
muito bom), que estréia amanhã, no
Festival de Cinema do Rio, senti vontade de agradecer a Chico ter sido um dos
que proporcionou a minha (e a várias) gerações este privilégio.
Não perco tempo em falar sobre sua obra, a poesia, o ritmo,
a coerência, a combatividade que lhe
valeu um exílio, a brasilidade e tudo o que todos aprendemos a ver nele.
Fixo-me no que mais precisamos agora, do que nos faz tanta
falta, o tempo de delicadeza que sempre está presente nele e tão ausente de
nós, hoje, na vida brasileira.
E me sirvo de quem escreve muito melhor isso, ele próprio:
“Pretendo descobrir/No último momento/Um tempo que refaz o que desfez/Que
recolhe todo sentimento/E bota no corpo uma outra vez”. VÍDEO
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