O depoimento de ontem do doleiro Youssef desmascarou o crime jornalístico da Veja às vésperas das eleições.
Paulo Nogueira - Diário do Centro do Mundo
Pouca gente notou uma coisa.
O depoimento de ontem do doleiro Youssef desmascarou o crime
jornalístico da Veja às vésperas das eleições.
Lembremos.
A Veja deu no sábado, um dia antes do turno decisivo, uma
capa em que afirmava que Dilma e Lula sabiam de tudo no escândalo da Petrobras.
Era uma afirmação amparada exatamente em Youssef.
Pela gravidade da acusação e pelo tom peremptório do texto,
o leitor era induzido a acreditar que Youssef tinha evidências poderosas, como
conversas gravadas ou coisa do gênero.
Mas não.
O que se viu ontem é que Youssef estava palpitando como
qualquer transeunte.
Ele usou a expressão “no meu entendimento”. Trazido para o
português coloquial, Youssef disse que estava por fora, e arriscava um palpite.
No contexto, ele poderia dizer sem provocar surpresa: “Não
sei de nada, e se alguém souber por favor me avise.”
A declaração cândida de ignorância sobre a eventual
participação de Lula e Dilma na roubalheira foi transformada criminosamente
pela Veja numa peça cabal de incriminação.
Foi uma agressão não apenas a Dilma e Lula, mas também à
democracia.
Quantas pessoas sobretudo em São Paulo, onde a revista
montou uma operação de guerra contra Dilma e a favor de Aécio, não foram
influenciadas pela falsa revelação?
É um episódio tão sinistro quanto a edição desonesta pela
Globo do debate entre Collor e Lula, em 1989.
A única diferença é que então o crime compensou. Collor
venceu. Agora, não compensou. Aécio perdeu.
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