(*) Osvaldo Ventura
Causou surpresa e indignação na comunidade científica
nacional a prisão do Vice-Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, presidente
licenciado da Eletronuclear, considerado o pai do projeto nuclear
brasileiro.
Coube ao almirante Othon desenvolver a brasileiríssima
tecnologia das centrífugas, produzindo o urânio enriquecido em nosso país com
mais baixo custo, em comparação com aqueles que integram o denominado Clube
Atômico.
Com o apoio da gloriosa Marinha do Brasil o almirante também
projetou o submarino nuclear brasileiro, dispositivo de defesa de nosso litoral
- a Amazônia Azul – que será integrante indispensável ao conjunto de nossa
política de Segurança Nacional.
Não resta dúvida
que essas conquistas, fruto da competência do almirante Othon, devem ter
causado certo incômodo às potências hegemônicas e exclusivistas no campo da
fissão atômica. Por esse motivo, a detenção abrupta do militar a pretexto de
que poderia adulterar ou destruir provas contra si mesmo ou ainda ameaçar
testemunhas, não foi aceita pela “intelligentsia” pátria com resignação.
Afinal, o súbito encarceramento do almirante, apenas por suspeita, poderá
deixá-lo vulnerável a pressões psicológicas capazes de fazê-lo revelar segredos
de Estado específicos da área de Segurança Nacional.
Apurar supostas irregularidades praticadas por quem quer que
seja a fim de aplicar punições é dever das autoridades competentes, óbvio,
contanto que se preserve a incolumidade dos direitos e garantias individuais.
Aliás, o método de “atirar para depois perguntar o nome” nunca foi
peculiaridade de um Estado Democrático de Direito. Mesmo porque, em se tratando
de personagem de renome internacional, o cientista Othon não iria desaparecer,
fugindo do país ou se escondendo numa toca como um marginal de alta
periculosidade. Por conseguinte, sempre disponível a prestar quaisquer
informações, muitos entenderam que por trás de sua prisão existe algo de
estranho. Muito estranho...
(*) Advogado,
escritor. Membro da Academia Feirense de Letras
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