segunda-feira, 27 de abril de 2015

ANCHIETA NERY E A MICARETA

1978

- Depois da Micareta grande parte das sinaleiras que existem na cidade se apagaram. Vai ver que ainda estão de ressaca depois de curtirem o segundo maior carnaval do mundo.

- Sobre a Micareta devo confessar: Sinto-me lesado, na qualidade de trabalhador. Vou explicar: O Dia do Trabalhador, sacramentado no mundo inteiro, foi esse ano, em Feira de Santana Dia de Micareta. Por força da matemática  deduzo que o trabalhador feirense foi lesado em um dia de repouso.

- Não, não quero condenar a coincidência de que um dos dias da Micareta foi justamente o 1º de maio. Até que é bom comemorar, o trabalhador, o seu dia em meio a folia. Mas também o prejuízo é claro.

Todos temos os três dias de Micareta sem trabalhar. Se o Dia do Trabalhador, no qual não se trabalha foi preenchido por Micareta, claro que houve diferença de um dia. Dois dias em que não se trabalha foram encaixados em um só. Eu sei, eu sei, podem dizer que sou preguiçoso...

E por falar em Micareta, ainda hoje há neguinho que não pode ouvir falar a palavra borboleta. Segundo palavra ao pé do ouvido, devido a ligação direta entre esse inseto e certas alegorias usadas nos festejos micaretescos,

No mais, no mais, mesmo correndo o risco de ser o "próximo", deixo aqui meu repúdio contra a violência sofrida por Edson Pascoal, repórter da Folha do Norte. Tem nada não, tem em nada não. Talvez um dia ainda apareça uma polícia para policiar a polícia.

Hoje em dia, em Feira de Santana, quando certos carros azuis se aproximam, quem for repórter que trate de se mancar. Polícia civil declarou  fobia em alta escala a imprensa. Também pudera. Ninguém gosta que lhe aponte o mal feito, principalmente quando esse mal feito por lei e por obrigação deveria ser bem feito.

(Coluna "Contra-senso", de Anchieta Nery no Feira Hoje de terça-feira, 16 de maio de 1978) 

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