sexta-feira, 28 de março de 2014

O CONTRA-ATAQUE DO GOVERNO NA CPI DA PETROBRAS

Luis Nassif

Já se delineou no Senado e começa a ser montada na Câmara o contra-ataque do governo à CPI da Petrobras.
Partem-se de dois pontos iniciais.
O primeiro, o que o Planalto entende como articulação mídia-oposição em torno da CPI. Ficou claro ontem – segundo fonte do Palácio – com o Jornal Nacional preparando o terreno para o pronunciamento, em horário eleitoral, de Eduardo Campos e Marina Silva.
O JN enfatizou a perda de valor de mercado da Petrobras, abrindo espaço para o discurso da dupla.
No Planalto, foi visto como irresponsabilidade, desconsiderando contribuições da Petrobras ao país, em seus 60 anos de existência, o fato de ter desenvolvido o setor petroquímico, a produção interna de combustíveis, a prospecção petrolífera, as riquezas do pré-Sal – que, só no campo de Libra, gerou US$ 15 bilhões para o país.
O segundo ponto – segundo o Planalto - seria a intenção de, mais uma vez, enfraquecer a Petrobras com vistas a uma futura privatização.
Por que não o foco na Alstom e Siemens, em um escândalo de corrupção  que já envolveu trinta altos funcionários do governo de São Paulo, que contou com a complacência do próprio Tribunal de Contas do Estado?, indaga-se por lá.
Em 2009 o governo encarou uma CPI às vésperas das eleições. Agora, outra. Só que desta vez haverá o contra-ataque, que consistirá nos seguintes passos:
1.     A CPI terá 20 parlamentares da base e 6 da oposição. Segundo a fonte, serão escalados quadros qualificados para aprofundar nos temas.
2.     Segundo a fonte, já há jurisprudência permitindo o aditamento de CPIs, visando incluir outros temas.
3.     Os temas que se pretende agregar são o Metrô de São Paulo (que tem recursos do BNDES e do Banco Mundial); o porto de Suape, em Pernambuco; a Comgás de Pernambuco, que faz uma ponte estreita entre o porto e a Refinaria Abreu Lima.
A ideia será começar pelo Metrô de São Paulo, por ser o episódio mais antigo. E convocar, de cara, o ex-governador José Serra, o atual governador Geraldo Alckmin e políticos paulistas, como Aloizio Nunes e José Aníbal.
Segundo a fonte, essa estratégia foi acatada de forma majoritária pela bancada.
O fator Eduardo Cunha

Considera-se, no Planalto, que os últimos episódios isolaram o líder do PMDB na Câmara Eduardo Cunha. Outros partidos negociaram com o governo, assim como a bancada do PMDB no Senado. Os seguidores de Cunha acabaram ao relento e ele começa a ficar gradativamente isolado.

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