Blog O TIJOLAÇO
Brizolla Neto
Há quase um ano, escrevi aqui no blog algo que me pareceu, desde então, óbvia: se Lula é Dilma, Dilma é Lula.
Não, é obvio, a mesma pessoa, não o mesmo estilo. Mas o mesmo projeto político.
E isso é, ou deveria ser, óvio. Embora muitos se esqueçam.
Disse, em agosto do ano passado, às vésperas do primeiro debate na televisão, que esta deveria ser a primeira regra a ser lembrada no raciocínio e na argumentação.
Este seria o enfrentamento.
Não tenho qualquer razão para modificar esta convicção.
E não creio que nossos adversários da direita pensem diferente.
Deles, disse que “o que vão dizer contra Dilma é o que gostariam de dizer contra Lula e não têm coragem eleitoral de fazer, diante da popularidade do presidente.”
Sei que a Presidenta tem essa compreensão, porque é uma militante experimentada e entende que na política, faz-se como o nosso quero-quero gaúcho: cantam de um lado para desviar a atenção do ninho que está em outra parte do campo.
Duvido que prosperem as intrigas, como a que sai no Estadão, de que Dilma teria ficado agastada com a repercussão dos diálogos que Lula manteve para fazer baixar a temperatura da crise criada com o episódio Palocci.
Não só não está como vai se articular com ele em todas as frentes para repelir esta ofensiva. Sabem que um vira alvo porque o outro é alvo. Porque Dilma é Lula e Lula é Dilma.
E a ajuda que Lula pode prestar a Dilma no campo da política é tão valiosa quanto a que a ele deu Dilma, ao tornar administrativa e ideologicamente mais consistente seu Governo.
E, claro, tem mais liberdade de mover-se no campo da política do que ela, que está presa aos deveres da administração e aos limites que seu cargo impõe à certa explicitude nas palavras.
Por exemplo: poderia ter dito Dilma, com todas as letras, o que disse Lula em conversas com políticos? “Esse Kassab é Serra. Não se iludam!”, não é um balizamento que, embora verdadeiro, possa vir da boca da presidenta. Mas nesta notícia, como em todas outras, um simples exame basta para ver como funciona o jogo de intrigas. O ex-presidente Lula jamais diria que é ingênuo um governo que está sendo atacado justamente na figura de um ministro que foi um dos mais importantes de seu Governo, Antonio Palocci.
A política tem seu tempo de agir. O velho senador Pinheiro Machado, ao enfrentar hostilidades, ordenou ao cocheiro que saísse com o coche dali, mas “nem tão rápido que pareça fuga, nem tão devagar que pareça afronta”.
Estes tempos difíceis serão superados, embora nos agoniem e nos façam perder, por algum tempo, um que outro companheiro de viagem.
Serão, se entendermos, Lula, Dilma e todos nós que Dilma é Lula e Lula é Dilma.
A nós, que enfrentamos o combate eleitoral – como a eles, que o protagonizaram – não há de faltar esta lucidez. A de que não vencemos para, por situações menores, por tudo a perder.
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