UM ANO SEM O LIDER CHICO PINTO
FEVEREIRO, 19
FEVEREIRO, 19
2008
Logo mais na Igreja Matriz de Coração de Maria, parentes, amigos, correligionários e admiradores de Francisco José Pinto dos Santos – Chico Pinto, mandam celebrar missa lembrando um ano no seu falecimento. Recorde frases do líder, extraídas de uma entrevista a extinta revista feirense “Panorama”, edição nº 44 de agosto de 1985:
INFANCIA – “Eu fui uma criança com formação familiar conservadora. Não poderia ser um libertário, um progressista, um comunista. Além disso, os meus primeiros passos na escola foram no Colégio dos Maristas, em Salvador, uma escola de padres, extremamente conservadora. Minha visão começou a se abrir na Faculdade, quando entrei na Escola de Direito”.
FACULDADE – “O professor Nestor Duarte, pai do doutor Marcelo Duarte, avó do deputado Nestor Duarte me ajudou muito. Foi aí que comecei a me libertar, sendo que a iniciação mesmo aconteceu quando retornei a Feira, como advogado recém formado, trabalhando num prédio em frente a prefeitura, onde funcionava a firma Carlos Marques”.
ESCRITÓRIO – “Abrir um escritório com Agnaldo Bezerra, que hoje está no Paraná e o doutor Demóstenes Brito. Ao lado do escritório havia sindicatos de fumageiros, associações dos feirantes. O único que não estava lá era o dos bancários que ficava na Rua Tertuliano Carneiro. Os trabalhadores não contavam com nenhum advogado disposto a defender a causa deles. Então passei a ser este advogado Não tinha a concepção teórica, mas vivia a prática”.
CAMPANHA – “Na campanha para prefeito eu radicalizei de forma brutal porque naquele momento não queria nenhuma conciliação com a burguesia e até dizia na campanha que não queria votos da burguesia. Foi assim que ganhei a eleição, sem contemporizar e sem conciliar”.
LEITURA – “... Mas tudo isso sem uma base teórica, que passei a ter com uma leitura com certa constância. Foi nesta fase que eu li Lênin. Após a prisão, em 1964, eu me iluminei. Paradoxalmente, a ditadura levou-me para uma posição mais a esquerda que eu não tinha”.
PRISÃO – “Quando fui preso, praticaram uma violência terrível, nos colocando para dormir numa cela fria, sem colchão, sem toalha, sem coberta e sem lençol e quando entrava água não nos davam nem uma vassoura para retirar a água”.
ORÇAMENTO – “Onde já se viu na historia do pais discutir orçamento? Pois na minha administração eu introduzir esta novidade, popularizando a discussão do orçamento. O povo estava acostumado a discutir política, futebol, etc, mas isso não”.
VOTAÇÃO DO ORÇAMENTO – “O povo se revoltou e arrebentou a câmara. Os vereadores tiveram que fugir amedrontados, alguns deles protegidos por nós mesmos. Outros desmaiaram. Alguns que nos acusaram tiveram a sorte de não serem trucidados porque protegemos. A policia saiu de lá debaixo de vaias”.
TUMULTO – “Na hora da confusão, eu sai do gabinete e fui até a câmara, que funcionava na própria Prefeitura e pedi calma. Naquele tumulto todo, eu pedi calma e discursei. Fizemos um cordão de isolamento e eles saíram amontoados dentro do carro, uns nos colos dos outros”.
TRABALHO – “Eu dou todas as minhas horas à luta política. Não freqüento bares, boates, não bebo uísque, não jogo. Faço política em tempo integral. Tento ser coerente com o que faço. Luto pelo povo para sair deste regime de exploração em que vivemos secularmente”.
JORNALISTA - “Quando eu sai da prisão, não me acomodei. Fui trabalhar como jornalista do Movimento. Passei necessidade. Fiquei morando de favor na casa do deputado Airton Soares. No jornal Movimento, ganhava Cr$ 5 mil por mês”.
SARNEY PRESIDENTE – “O Sarney teve um estalo de Vieira. Dizem que Vieira era um padre burro que ajoelhou-se com muita fé e conseguiu fazer sermões brilhantes. Então, o Sarney sentiu o estalo na cabeça e tomou uma atitude sábia no momento das defecções ensejadas no PDS. Hoje, ele tem avançado surpreendentemente”.
CANDIDATO AO GOVERNO – “Não tenho recursos mínimos para isso. As convenções revelam gastos monumentais. A gente sabe, quando o candidato tem chances de vitória, aparecem forças capitalistas para ajudar. Mas até criar estas condições de vitória para contar com apoio financeiro, eu não suportaria chegar. Também nunca me dispus a assumir compromissos ou envolvimentos porque depois teria que trair. Prefiro encerrar a minha carreira a ter que trair o povo diante dos compromissos necessários que os candidatos numa democracia burguesa tem que assumir para poder ganhar a eleição. Não tenho muitas ilusões”.
Por que a missa não será rezada em Feira de Santana, terra de Chico Pinto?
ResponderExcluirEste blog é uma coisa linda de se ler. Continue, assim, por cima, Simas.
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