Por Fernando Brito
O governo Bolsonaro, enfim, começa hoje, e – como é comum em
novos relacionamentos – o primeiro gesto se carrega de simbolismos.
O processo de eximir o Estado da vida social se inicia com a
terceirização da segurança, com o decreto que amplia a facilidade para a compra
de armas, em si uma peça que, tivéssemos um Judiciário, enfrentaria uma guerra
nos tribunais, a começar pela inútil e questionabilíssima validade para
“apenas” 80% dos brasileiros, pelo corte – ao menos anunciado – de que ele só
valerá em municípios com 10 homicídios por 100 mil habitantes.
É absolutamente previsível que a “liberação” das armas –
ainda mais acompanhada, como se anuncia, de uma campanha publicitária de
“esclarecimento” – vá provocar efeito sobre a parcela da população que está
mais propensa a iludir-se com a sensação de segurança – em geral, falsa – de
ter um revólver na prateleira do armário.
Impossibilitado de acenar com antigos valores de satisfação
para a pequena classe média, como o velho “sonho da casa própria”, a sensação
de segurança, esperam, vá ser provida pelo “sonho da arma própria”, a partir de
R$ 4 mil.
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