terça-feira, 15 de janeiro de 2019

O DIA EM QUE MANDARAM CLARA NUNES CALAR


Por Mariana Nassif

Que ela não pergunte mais a Iansã sobre o paradeiro de Ogum, pois isso ofende; que não cante os encantos de Oxum nem sua relação com as águas doces; que deixe pra lá as festas do Tempo e do vento, que não vista branco em louvor à Oxalá; que não fale sobre negritudes, pois a casa grande se incomoda com tudo aquilo que foge do convencional, especialmente aquilo que é preto.

Calem também as vozes de Bethânia, essa declaradamente apaixonada por nossa mãe Oyá; que não cite mais as borboletas como elementares, que deixe pra lá sua ligação com os raios e as tempestades; que cale, especialmente, sua liberdade de expressar.

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