Fernando
Brito
Imagine
se o Brasil acordasse sob o impacto da notícia que Lula, seus filhos e seus
irmãos e até a Dona Lindu tivessem, em 30 anos, comprado 107 imóveis.
Agora
acrescente o fato de que menos de um terço deles tivesse sido adquirida através
de pagamentos documentados por cheques ou transferências bancárias e todo o
resto com dinheiro vivo ou não especificado em transações financeiras.
Haveria
uma renca de delegados, promotores, juízes, youtubers, jornalistas e tuiteiros
gritando “corrupção, corrupção, corrupção!!!”
Mas,
como é Jair Bolsonaro o diretor desta verdadeira “imobiliária”, todos eles se
acham no direito de dizer que “isso não tem nada de mais”, enquanto acham
escandaloso Lula ter visitado um apartamento que nunca comprou.
Vai
dar em alguma coisa? Fora algum “enrolation”, absolutamente nada. Capaz ainda
de aparecer um malafaia da vida a dizer que isso é prova de que isso é prova de
que ele “defende a família”.
Claro
que Jair e sua família não podem ser acusados genericamente e muito menos
condenados sem provas mas, quatro anos depois de ter vindo à tona o esquema das
rachadinhas familiares, todas as investigações estão travadas e os
investigadores policiais que não foram afastados estão devidamente emparedados.
Mas
a Folha prefere dar manchete para o fato de que o PT editou a frase de William
Bonner, quando a reproduziu tal e qual foi dita no Jornal Nacional: “O Supremo
Tribunal Federal lhe deu razão, considerou o então juiz Sérgio Moro parcial,
anulou a condenação do caso do triplex e anulou também outras ações por ter
considerado a Vara de Curitiba incompetente. Portanto, o senhor não deve nada à
Justiça”.
Lula
foi condenado por “ter sido disponibilizado” um apartamento no Guarujá, sem que
nada houvesse como prova senão uma visita ao imóvel e o boato de que o imóvel
seria dele. Mas o clã Bolsonaro, com escrituras lavradas que não permitem saber
de onde veio o dinheiro para a compra de dezenas de imóveis e outros, como a
mansão de Flávio Bolsonaro, com financiamentos para lá de suspeitos, segue
impune.
Por
100 anos, se depender da mídia brasileira.