Por Wilson Ferreira
Em cinema e teatro fala-se muito de atores que, de tão
concentrados no personagem, não conseguem mais sair do papel. Uma análise
semiótica da nova identidade visual do Governo Federal revela que nada mais
resta para o presidente Jair Bolsonaro do que se manter no personagem da
campanha eleitoral – belicoso e provocativo, pronto para criar sempre um novo
inimigo. Para além do ufanismo e da
nostalgia idealizada dos governos militares, o novo logo revela muito mais uma estratégia
de comunicação do que de propaganda clássica – simbolização ou doutrinação
ideológica. A marca visual expressa a atual estratégia visual da chamada
alt-right (“direita alternativa”): polarização, provocação e apropriação. Assim
como a bandeira nacional e a camisa amarela da CBF, agora o último verso do
hino nacional foi apropriado. Do simbolismo original da Pátria como “mãe
gentil”, foi ressignificado como ícone de polarização: a divisão entre
patriotas e antipatriotas.
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