Por Jeferson Miola
As evidências são de que o cérebro estratégico do golpe está
decidido a levar Lula à prisão. E pretende fazer isso o antes possível.
Calculam que esta operação, ainda que contenha o risco –
improvável – da ira e da comoção popular, é a que apresenta o maior benefício
ao menor custo.
Para o establishment, o efeito da prisão do Lula é um risco
intrínseco à lógica do golpe. Um risco que, nas circunstâncias atuais, precisa
e vale a pena ser corrido.
A mídia e o judiciário, em ordem unida, aplainaram o terreno
do regime de exceção. Praticamente todos editoriais, todos colunistas de
opinião e todo noticiário da mídia hegemônica já decretaram a prisão do Lula.
O judiciário, cego às alegações da defesa e indiferente à
presunção da inocência, ao devido processo legal e ao Estado de Direito, atua –
com anormal unanimidade – para mandar Lula imediatamente para a prisão.
Ainda é uma incógnita quanto tempo Lula ficará encarcerado;
isso dependerá da medição passo-a-passo da reação popular interna e da
repercussão internacional.
Lula ficará preso, mesmo que seja por tempo mínimo e exíguo;
mas será pelo tempo suficiente para a produção das imagens de humilhação,
ultraje e constrangimento que a Globo propagará à exaustão.
Não é improvável, por outro lado, que decidam mantê-lo preso
por um período longo – durante toda a campanha eleitoral, por exemplo – se
necessário para calar a voz e cassar os direitos civis e políticos do principal
eleitor do país que, mesmo preso, poderá ser eleito no primeiro turno ou que,
caso impedido, terá o poder de eleger aquele que decidir apoiar.
Lula é, enfim, o espectro que ronda a eleição.
É por isso que, mesmo com a prisão do Lula, a elite não
conseguirá sair do labirinto.
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