Por Fernando Brito
Os nossos neoliberais gostam de um “projeto social” para seu
automarketing, mas detestam por a mão no bolso.
Adoram por a mão no bolso do Estado, isso sim.
O Instituto Criar, pertencente a Luciano Huck, obteve, pela
Lei Rouanet, R$ 19,5 milhões de doações convertidas em abatimento no imposto a
pagar de grandes empresas – como o Itaú, a Microsoft, Casas Bahia, Ponto Frio,
Volkswagen e outras -, um valor que deve chegar a R$ 21 milhões das captações
em curso, este ano.
De novo, não é uma acusação de ilegalidade, pois não tenho
como verificar o que se faz com o dinheiro, mas é justo que, sendo Luciano
candidato e mostrando seu “projeto social”, as pessoas saibam que o “ajudar as
pessoas” do bom moço é feito com dinheiro público, não com o privado.
Como o jatinho que
própria assessoria do apresentador diz que serve para trazê-lo ao Rio de
Janeiro, duas vezes por semana, para gravar na Globo, comprado com crédito
subsidiado do BNDES.
Como, segundo diz o projeto, seriam 150 jovens atendidos, o
custo, em impostos, per capita, é de R$ 23.300, enquanto o custo dos alunos de
escolas públicas, garantido pelo MEC, era de R$ 2.875,03 em 2017.
Será que veremos os meninos do MBL gritando contra a Lei
Rouanet do Huck, como fazem com a de exposições, peças de teatro e filmes?
Será que os nossos grandes jornais vão se interessar por
isso como se interessariam se o “projeto social” fosse de um candidato de
esquerda?
Aí está, de imagem sem edição, o resultado que se pode
encontrar no site no Ministério da Cultura.
E é só desta, porque vai demorar a verificar todas as
empresas da família Huck, diretamente ou através de propriedade cruzada, quando
cada empresa é feita para controlar outras sem que se possa reconhecer
diretamente o real proprietário.
Aguarda-se a manifestação de Kim Kataguiri contra
Huck.
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