Por Marco Aurélio Weissheimer,
no blog RS-Urgente;
No início deste ano, em um debate realizado no Sindicato dos
Bancários de Porto Alegre, Flavio Koutzii falou do retorno de alguns
sentimentos incômodos vivenciados no período pós-golpe de 64 no Brasil: o
sentimento de sentir-se exilado dentro do próprio país e o de um profundo
estranhamento em relação ao que nos cerca. A palavra “cerca” aqui tem um duplo
sentido: o que nos rodeia e o que nos prende a um pequeno espaço, como se fosse
a ante-sala de um matadouro.
O nível de degradação, cinismo, mentira e corrosão de
qualquer coisa que possa ser chamada de estado de direito e de justiça hoje no
país parece alimentar esses sentimentos de exílio e estranhamento nos corações
e mentes de muita gente. A sensação de estranhamento em relação aos cenários
para os quais fomos empurrados nos últimos meses é crescente. Há cenários e
personagens bizarros circulando com uma naturalidade tal que parece configurar
a invasão de uma realidade paralela, uma versão tupiniquim do clássico
“Invasores de Corpos”.
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