Por Fernando Brito
Vivemos num mundo de mitos, as tais “pós-verdades” de que
tanto se fala.
Dizem que nossa produtividade caiu, embora seja impossível,
sequer por um minuto, convencer alguém de que possa ter caído a produtividade
humana com tantas inovações tecnológicas.
Dizem que somos mais ociosos, mas como, se smartphones e
computadores acabaram com a “hora do almoço”, o “depois do expediente”, o “só
na segunda-feira”?
Ou você e eu não estamos sujeitos à “coleira eletrônica”?
Ah, mas agora vamos nos modernizar.
Vamos ter um empregado “de vez em quando”, que chamamos a hora que quisermos e só nestas
horas será pago. “Diaristas”,
“horistas”, por quantos dias ou horas o patrão quiser, sempre à disposição.
Meia hora de almoço, engula correndo a marmita fria!
Divido suas férias em três parcelas, de preferência na
semana que tenha feriados.
Se o trabalho é num cafundó, onde não há (ou é raro) o
transporte, o tempo que o peão sacode no ônibus ou na caçamba do caminhão para
chegar lá não conta como trabalho.
Acaba-se também com aquela burocracia horrorosa de
verificar, na demissão, se “os direitos” foram pagos. Se o infeliz, pobre e humilde, não os sabe, problema dele…
O tronco e o chicote ficam por conta do patronato. Grátis,
viu?
Será que nossa elite dirigente ache que isso é
sustentável? Em pleno século 21, achar que o futuro está na escravidão é coisa
para gente que, além de desumana, é idiota
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