Escrito por Luis Edmundo
Especialistas em ética jornalística denunciam problemas na
cobertura da Lava Jato
O artigo Considerações sobre a mani pulite, escrito por
Sérgio Moro em 2004, é um elogio à operação Mãos Limpas, investigação judicial
que aconteceu na Itália na década de 1990. Principal inspiração da Lava Jato, a
Mãos Limpas teve um resultado desastroso sob os pontos de vista político e
econômico: a Itália tem um dos índices de corrupção mais altos da Europa, e o
PIB é praticamente o mesmo de 12 anos atrás. Naquele texto, o juiz paranaense
afirma que a mídia teve um papel decisivo durante a operação: “minar” a imagem
dos réus junto à opinião pública, deslegitimando os argumentos da defesa.
“A investigação da mani pulite (Mãos Limpas) vazava como uma
peneira. Tão logo alguém era preso, detalhes de sua confissão eram veiculados
no L’Expresso, no La Republica e outros jornais e revistas simpatizantes”,
descreve Moro na terceira página do artigo. “Os vazamentos serviram a um
propósito útil. O constante fluxo de revelações manteve o interesse do público
elevado e os líderes partidários na defensiva. (…) O processo de deslegitimação
foi essencial para a própria continuidade da operação mani pulite”.
Olhos abertos
A exemplo do que Sérgio Moro constatou sobre a operação Mãos
Limpas, a imprensa brasileira também contribui para o avanço da operação Lava
Jato. Ao alimentar boatos sem a devida checagem, promover vazamentos seletivos
e “condenar” os réus antes mesmo da sentença judicial, o noticiário brasileiro
tem sido um prato cheio para pesquisadores especializados em ética
jornalística.
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