Por Fernando Brito
A tal “Força Tarefa” – não sei porque estas expressões
militares sempre me fazem lembrar a famosa “Quarta Frota” – soltou uma nota
explicando, na sua ótica, as razões de terem denunciado mais uma vez o
ex-presidente Lula. Em matéria de fatos, não há novidade, é a mesma história do
prédio de iria ser – e nunca foi – o Instituto Lula e o relevantíssimo aluguel
de um apartamento ao lado daquele em que ele mora, na estonteante Saint Bernard
du Champs.
Mas há um trecho final (está aqui, no finalzinho da matéria
do UOL) que seria de matar de rir, não fosse a situação das ameaças à liberdade
ao Direito no Brasil algo que está dando vontade de chorar.
“Esta denúncia reafirma o compromisso do Ministério Público
Federal com o cumprimento de suas atribuições constitucionais e legais,
independentemente das tentativas de intimidação dos acusados e de seus
defensores, dos abusos do direito de defesa em desrespeito ao Poder Judiciário
e do abuso do poder de legislar utilizado em franca vingança contra as
Instituições.”
Então o Lula e seus advogados estão ameaçando ou intimidando
os procuradores e o Juiz Moro?
Estão levando-os a algum lugar em condução coercitiva?
Gravaram seus telefonemas, inclusive os de natureza pessoal,
para ver se o Dr. Moro, na intimidade, fala um ou outro palavrão, para exibir
isso na Globo?
Estão entrando nas suas casas, revirando seus armários e
apreendendo qualquer badulaque que possa ser exibido em triunfo, um pedalinho,
um bote de lata, uma camisa do Corinthians?
Os advogados ou Lula, por acaso, estão fuçando as contas
bancárias, registros, papeladas dos procuradores e do juiz?
Mas o trecho pior é o final, onde se fala do “abuso do poder
de legislar utilizado em franca vingança contra as Instituições”.
Vejam como tudo é torcido: leis contra abuso de poder viram
“abuso do poder de legislar”.
Torcendo as coisas assim, imagine o que não fazem nos
inquéritos?
Mas, mesmo sem isso, é de perguntar: Lula e seus advogados estão legislando, e com
abuso aonde?
Não, quem está fazendo política é a “Força Tarefa” quando
assume que a denúncia “reafirma o
compromisso” com as posições que está, ela sim, tentando fazerem virar leis.
Assume a ligação entre sua ação funcional e seus interesses políticos.
Aliás, estava e agora está de novo, depois de o ministro
Luiz Fux ter tomado – diz isso é o insuspeito Gilmar Mendes – alguma coisa que
puseram na água.
Como não creio que os rapazes da “Força Tarefa” estejam
bebendo água “batizada”, o que lhes sai dos lábios e das penas é outro líquido:
é peçonha.
Só não sei se funciona com jararaca.
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