O “julgamento” de Eduardo Cunha, mancheteado pelos jornais
agora à tarde é, como tudo o que se passa no Brasil de hoje, falso.
Não tem nenhuma importância, a não ser protocolar, que
Eduardo Cunha seja proibido de exercer, interinamente, a presidência da
república, em caso de viagens ou outros impedimentos temporários de Michel
Temer.
É uma imensa hipocrisia preocuparem-se se um réu como ele
pode ocupar o assento presidencial por dois ou três dias se, nas mesmas
circunstâncias, deixam-no promover a derrubada que quem foi levado àquela
cadeira.
O “jeitinho”, articulado por Ricardo Lewandowski e Marco
Aurélio Melo, os dois únicos que parecem constrangidos com o papel a que o
Supremo foi levado é uma tentativa de “limpar a cara” do STF diante da
população que não entende como Cunha pode ter sido deixado livre até agora para
fazer o que fez – e livre está para fazer outras, agora, cobrando do usurpador
Temer o preço caro da faixa presidencial.
Está mais para marketing que para justiça.
Ainda assim, corre-se o risco de assistir-se um teatro
constrangedor.
Não faltarão ministros a lembrar que ninguém pode ser
impedido de nada senão por condenação. Exceto, claro, os que se chamarem Dilma
Rousseff e Luís Inácio Lula da Silva, porque estes não precisam de crimes para
serem condenados.
Cunha não precisa sentar na cadeira presidencial para mandar
no país. Quem vai sentar sabe que ali está por causa dele e que ele tem meios e
ousadia para mostrar como e porque o colocou lá.
Cunha de bom grado aceitará este impedimento.
– Não preciso sentar
na cadeira para mandar. Mando de pé, mesmo.
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