Por Fernando Brito
Se Michel Temer esperava se livrar de Eduardo Cunha, não
rolou…
Na entrevista que deu logo após a confirmação do seu
afastamento pelo STF Eduardo Cunha focou três pontos.
O primeiro, obvio, de que dar liminar depois de seis meses
do pedido é algo que, juridicamente, chega aos foros do ridículo.
Os fundamentos de cautelar são, como se sabe, o “periculum
in mora” (perigo na demora) e este tanto havia que, em seis meses, Cunha
iniciou e praticamente concluiu o “crime do século”: a deposição de uma
presidente eleita e o “fumus bonis juris” (fumaça do bom direito), isto é,
sinais convincentes de que as acusações procediam. De novo, aí, os 11 pontos
que embasaram a decisão do STF são “velhos conhecidos”, E o próprio Cunha faz a
pergunta mortal: “por que só depois da votação do impeachment?”
A segunda, “comemorar” a saída de Dilma Rousseff,
provavelmente na quarta-feira próxima,
reivindicando a “obra” para si.
Terceiro, falando que é perseguido pelo PT.
Não duvidem que Cunha vai continuar tratando de indicações
com Temer como se nada tivesse acontecido.
Como é natural, Cunha jogará no seu terreno preferido, o da
penumbra.
Temer precisa dele para aprovar a batelada de projetos de
lei e emendas constitucionais que enviará nos primeiros dias de seu governo de
usurpação.
E Cunha, como Paulo Preto a Serra, vai começar de forma mais
suave a cobrança de que “não se abandona um amigo na beira da estrada”.
Enquanto prepara o vazamento das gotas de maldade.
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