Por Fernando Brito
Dois trechinhos miúdos,
lá no final da matéria, mostram a fragilidade da “delação”
providencialmente vazada por Curitiba às vésperas da votação sobre o
impeachment.
Embora nada tenham a ver com o tema em votação na Câmara,
tumultuam o ambiente e mostra que se joga,
à medida em que se vai percebendo não ter número para o golpe
parlamentar, cada vez mais fichas no golpismo parte 2, a ser comandado, em
lugar e Eduardo Cunha, por Gilmar Mendes, no TSE.
(O que, aliás, nos deixa mais próximo do cenário monstruoso
visto por Janio de Freitas, no post anterior, e pelo genial Aroeira, na imagem
deste)
Vejam esta breve passagem:
“Não está claro se o valor endereçado a Dilma foi doado ao
comitê ou ao Diretório Nacional do PT.”
Como assim “não está claro”? Ambas as contas são públicas e,
se foram feitas com ao menos aparência de legalidade, o doador teve recibo emitido a seu favor,
obrigatoriamente. Nem isso faz parte da delação.
O segundo trecho, mais curioso, é o que relata que Aécio
Neves recebeu, da mesma empresa, doações maiores:
“A campanha de 2014 de Aécio Neves (PSDB), que perdeu para
Dilma no segundo turno, auferiu R$ 200 mil a mais do que a de Dilma. Os
delatores não citaram o tucano em seus depoimentos.”
Então, o interesse político-empresarial – não julguemos as
empreiteiras capazes de amores ideológicos, não é? – espontâneo é maior que o
valor que, segundo os honestíssimos senhores, foi obtido com pressões e
achaques?
As delações de Curitiba são feitas sob medida e ministradas
aos público em horas escolhidas. Envia-se, hipocritamente, ao STF e vaza-se o
que convém, na hora em que convém.
E nelas, obtêm-se, a esta altura, aquilo que se quiser. E é
uma coisa só o que se quer: a derrubada do poder eleito.
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