sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

A ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA

No livro “A Feira na década de 30”, lançado em 2004, o escritor, poeta e historiador Antonio Moreira Ferreira, o Antonio do Lajedinho, faz uma viagem no tempo e se encontra com a antiga Estação Ferroviária, instalada nos fundos da Igreja de Santana, na área onde hoje funciona a Feira do Paraguai. Vale a pena ver de novo:

A história é costurada como uma colcha de retalhos. O dia a dia é vivenciado por milhares de pessoas em uma mesma cidade porem cada um vive os momentos de forma diferente do outro.

Posteriormente cada um conta um pouco do que viu e depois o historiador junta tudo e dá vida a história. De cima dos meus quase oitenta anos de vida, é natural que goste de falar do longínquo passado.

Na minha infância, na década de 30, Feira de Santana tinha uma grande Estação Ferroviária que, por faltas de rodovias, (em 1930 só existia um carro em Feira) tornara-se o principal meio de transporte de passageiros, cargas e gado, e o ponto chave do comércio.

Situada no fundo da Igreja Matriz (hoje Catedral), quase no centro da Cidade, tinha seus movimentos acompanhados pela comunidade, a qual identificava, pelo apito da máquina, se era trem de passageiro ou carga.

Duas ou três vezes por semana saía uma composição com passageiros para Cachoeira, como outras tantas vezes vinham de Cachoeira.
Durante o dia animais de carga e carroças levavam e traziam cargas, vaqueiros embarcavam e desembarcavam gado, enquanto aqueles que tinham o tempo livre, principalmente estudantes, faziam dali um ótimo local de lazer.

Era como se fosse uma rodoviária atual, onde alem de passageiros, desembarcassem e embarcassem cargas e animais, sem outro local de escoamento.

Nos dias de segunda-feira os trens chegavam carregados com gente, mercadorias, porcos, galinhas e toda produção de Tapera, Magalhães, São Gonçalo, Conceição da Feira, Cachoeira e São Felix. Era uma festa!

Eu, além de um assíduo freqüentador mirim, sempre levava no bolso um bodoque de caça, vez que os fundos da Estação eram um matagal onde as pombinhas costumavam relaxar a vigilância.

Foi em uma dessas caçadas que testemunhei um triste acidente na ferrovia:

Era uma ensolarada tarde de verão e eu acompanhava as manobras que uma máquina fazia na substituição de vagões carregados, quando surgiu uma “calanga” verde, com um comprido e lindo rabo dourado.

Ela tinha uma maneira elegante de andar, com um harmônico ondular do rabo. Alguns metros atrás, com a cabeça apoiada no trilho da estrada, um galante calango não perdia os movimentos daquele maravilhoso rabo dourado.

Tão absorto estava que a roda da locomotiva surpreendeu-o decepando-lhe a cabeça. Pobre calango: POR CAUSA DE UM RABO BONITO, PERDEU A CABEÇA...
(Adilson Simas)

Nenhum comentário:

Postar um comentário