Por Mouzar Benedito
Mês de dezembro é um saco, digo todos os anos.
Os bares ficam lotados, muitas vezes com comemorações de fim
de ano, promovidas por empresas, e geralmente há nesses grupos pessoas que não
são acostumadas a beber e, quando bebem, começam a dar risadas estridentes,
falar gritando, batucar desafinadamente em garrafas, e por aí vai.
Jingle Bell’s no ouvido o tempo todo, papais Noel aos
montes, e babacas metidos a engraçadinhos dizendo que pareço com eles. Algumas
pessoas me consideram muito parecido com algumas pessoas que gosto. Muitos me
comparam ao Barão de Itararé, o que gosto: era um bem-humorado homem de
esquerda. Há também quem me considere parecido com Marx e com Bakunin. Também
gosto.
Mas sempre tem alguém me comparando ao Papai Noel.
Um dia, falei para um cara que me comparou com ele: “Só que
o meu saco não é de brinquedo”. Outra vez, num final de tarde, eu estava com
minha mulher e um amigo bebericando numa mesa na calçada, num bar de
Guarapuava, no Paraná, quando apareceu um monte de crianças com um uniformes
escolares e pastas. Iriam passar em frente a nós. Vi um perversinho me olhando
com ar de sacana e já imaginei o que ele ia me dizer. Batata! Para fazer
gracinha aos amigos, fez pose de gozador e pediu: “Papai Noel, me dá um
brinquedo?”. Respondi à altura: “Vem pegar no meu saco”. Virou gozação para
seus coleguinhas.
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