O boneco inflável com a cara do ex-presidente Lula representa o delírio daqueles que não suportam a redução das desigualdades sociais. É o troféu de guerra de quem não aceita os outrora pobres, hoje nas universidades e em aeroportos.
Por Adalberto Monteiro
Ex-presidente Lula. Ex-presidente Lula. Eles se desesperam,
se descabelam porque, mesmo depois de terem despejado pela grande mídia uma
tonelada de infâmias contra Lula, não conseguem arrancar o ex-presidente do
coração do povo e da consciência dos que lutam por um Brasil soberano,
democrático e desenvolvido.
Diz um adágio: “não se atira pedras em cachorro morto”. É
isto. Lula está “vivinho” da Silva e isto incomoda o andar de cima.
Um espectro tira o sono de FHC, Aécio, Caiado et caterva: é
o espectro de uma liderança que prossegue como sinônimo de quem governou para o
andar de baixo, de quem associou crescimento econômico a distribuição de renda.
De quem levantou ao alto um país largado ao chão pelo
governo dos tucanos.
De quem pôs sapatos numa política externa que os tirava para
pisar em Washington.
Setores de uma classe média abastada de ódio, paupérrima de
valores e horizontes, prende, apedreja, espeta o boneco. De onde brota essa
intolerância?
Será mera coincidência o fato de o homem pretensamente
contido no boneco ter sido o líder operário que enfrentou a ditadura, que veio
lá do Nordeste como retirante?
Um sábio pondera: é porque a crise econômica atinge as
camadas médias em cheio; outro acrescenta: são os escândalos de corrupção. Tudo
isto se relaciona, mas no fundo, no fundo mesmo, a intolerância tem suas raízes
em 388 anos de escravidão para depois se somar a um capitalismo que se tornou
tão exuberante quanto excludente.
É o chicote da Casa Grande que açoita o boneco.
Se o homem disser que abandona a vida pública, se disser que
não será mais candidato, os mesmos que hoje o apedrejam proporiam a canonização
dele.
Odeiam o homem porque nem ele se afasta do povo, nem o povo
dele se afasta.
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