Por Eliana Rezende
Quantas mortes cotidianas, pequenas, miúdas somos capazes de
acumular em uma existência inteira?
Morremos a cada grande decepção, de tédio, de medo, de
desejos, por ausências, por faltas, arrependimentos, anseios, despedidas e até
de vergonha!
Estranho pensar que as pessoas, em geral, temem tanto sua
morte derradeira e final, aquela que consome a carne, remove o oxigênio e
paralisa células e coração, e se esquece que passa uma vida inteira aprendendo
a morrer, deixar, desapegar, abandonar... ser deixado, largado e abandonado,
preterido e até esquecido!
Então por quê do medo da última de todas as mortes?
Aquela que não nos obrigará a acordar no dia seguinte para
de novo ver-mo-nos morrer?
Ainda há os que morreram uma vez e nunca mais conseguiram
voltar a viver.
A morte em vida apagou-lhes o brilho, as vontades, os
desejos, o viço... Morreram quando encontraram o medo do medo. Não foram
capazes de encarar suas fragilidades, decepções, frustrações e optaram por,
simplesmente, esquecer para ser esquecidos.
Assistem de longe aquela que teria sido sua vida.
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