Certas situações deixam subitamente claras coisas que pouca
gente enxergava.
A votação da terceirização, por exemplo.
Ela expôs espetacularmente o retrocesso social que
significaria a eleição de Aécio.
Os deputados do PSDB votaram pela terceirização.
Isso quer dizer o seguinte: votaram contra o povo. Contra os
chamados 99%.
Terceirização não é daquelas coisas que têm prós e contras
para diferenças grupos da sociedade.
É imensamente favorável para os empresários e imensamente
desfavorável para os trabalhadores.
Uma pesquisa mostra que os terceirizados trabalham três
horas a mais, ganham 25% a menos e ficam 3,1 anos a menos no emprego.
Que tal?
Aécio na presidência significaria um amplo, total,
irrestrito movimento do Brasil nesta direção antitrabalhadores.
Ele prometeu “medidas impopulares” a representantes da
plutocracia no início de sua campanha – e a posição tucana na votação deu uma
mostra sinistra do que seria aquilo.
Dos 46 deputados do PSDB, 45 votaram pela terceirização.
(Mara Gabrili foi a exceção.)
Espera-se que isso seja lembrado em futuras eleições, quando
os candidatos vierem com sua lengalenga social.
Comportamento oposto tiveram três partidos: PT, PSOL e PC do
B.
Todos os 61 deputados do PT rejeitaram o projeto. Todos os
cinco do PSOL também. E apenas um deputado entre os 13 do PC do B (Carlos
Eduardo Cadoca) disse sim.
Tudo isso considerado, é evidente que a presença de Dilma na
presidência é um contraponto ao atraso do Congresso.
É presumível que ela vete o projeto.
Também é esperado que a sociedade acorde para o que está
acontecendo via deputados federais: o 1%, como que insatisfeito com sua fatia
abjeta de riqueza no patrimônio nacional, quer ainda mais. E colocou no
Congresso, graças ao financiamento privado, deputados que estão prontos para
fazer este serviço sujo.
O lado bom é que clarearam as coisas com este episódio, e os
eleitores poderão fazer escolhas melhores nas eleições futuras.
Há que considerar, igualmente, o anteparo de Dilma. Imagine
Aécio no Planalto. E mais Armínio na Fazenda. E
mais FHC como conselheiro. (Que melancólico final de carreira para FHC
ver, em silêncio criminoso, seu partido apoiar, maciçamente, um ataque brutal
aos direitos trabalhistas.)
Seria uma calamidade uma vitória de Aécio.
O projeto da terceirização acaba com o blábláblá segundo o
qual, dado o ajuste proposto por Dilma, tanto fazia se ela ou Aécio se
elegessem.
Seria pior com Aécio.
Muito pior.
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