Luis Nassif
Dois episódios mostram a manobra articulada no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) para o julgamento das contas de campanha de Dilma
Rousseff.
Na fase de avaliação das contas, a Asepa (Assessoria de
Exame das Contas Eleitorais e Partidárias) incluiu nas "faltas
graves" o fato de trituradores de papel, adquiridos pela campanha, terem
sido lançados no campo "bens não duráveis". Alegavam os técnicos que
o correto seria lança-los em "duráveis".
Foram questionados na hora por um Ministro que acompanhava
os traballhos, que indagou se sabiam qual o tempo de vida útil de cada
equipamento. "Duram menos que uma torradeira elétrica", ensinou-lhes,
e ainda os criticou pelo fato de tratarem como "graves" questões de
tal irrelevância.
O segundo episódio foi na própria avaliação do parecer por
Gilmar Mendes.
Este salientava a "gravidade" do lançamento fora
de prazo de despesas efetuadas.
Um dos Ministros explicava
que é praxe os comitês receberem as notas e, primeiro conferir se os
serviços registrados foram devidamente prestados, para depois pagar. Isso
explicava o fato de notas emitidas no período do primeiro balanço de campanha
só terem sido quitadas no período seguinte.
Gilmar insistia na gravidade do tema, quando a Internet
passou a noticiar a rejeição das contas do governador eleito de São Paulo
Geraldo Alckmin, pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) pelos mesmos motivos. O
Ministro informou Gilmar do ocorrido. Caberia aos advogados de Alckmin recorrer
ao TSE.
Obviamente se Gilmar considerasse falta grave na prestação
de contas de DIlma, teria que adotar o mesmo critério quando fosse analisar as
contas de Alckmin.
Gilmar acabou concordando tratar-se de mero problema formal.
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