Por Fernando Brito
Você acha, meu caro leitor e digníssima leitora, que alguém
quer acabar, para valer, com a corrupção política no Brasil?
Então vamos fazer umas continhas, nada complicado.
Primeiro, vamos pegar no UOL
os dados oficiais sobre os gastos para eleger um senador, um deputado
federal e um estadual.
Diz lá: “A campanha mais barata é a de deputado estadual,
com limite médio de gastos de R$ 2,4 milhões, seguida da de deputado federal
(R$ 3,6 milhões), deputado distrital (R$ 5,4 milhões) e senador (R$ 5,6
milhões).”
Fiquemos só nos eleitos.
São 513 deputados federais. A R$ 3,6 milhões cada , são R$ 1,85 bilhões.
Os deputados estaduais são 1059. A R$ 2,4 milhões por
cabeça, dá R$, 2,45 bilhões.
E 81 senadores, a R$ 5,6 milhões somam mais R$ 450 milhões.
Claro que há muitas doações honestas e sem outro interesse
senão o da simpatia política. Não posso crer, por exemplo, que o ilustre
deputado Onix Lorenzoni tenha tatuado a empreiteira Andrade Gutierrez em sua
ética por ter recebido R$ 200 mil para sua campanha.
Mas, como também há dinheiro não contabilizado, acho que é
muito modesto um cálculo que deixe um pelo outro.
Então, sem contar quem não se elegeu, temos aí quatro
bilhões de reais.
Achou muito?
É pior.
Os dados oficiais, somando candidatos a presidente, governador e todos os candidatos ao
legislativo deu, segundo o TSE, um gasto de R$ 74 bilhões.
Mais que a “meta de superávit” de 1,2% do PIB de Joaquim
Levy.
Isso pode funcionar sem ser uma plutocracia eleitoral?
Como é que alguém acha que sim?
Mas os nossos moralistas acham que se pode adiar a questão
do financiamento público das campanhas.
Deputados e senadores, só os eleitos pelo “livre mercado”.
Como é que vamos dar 3 ou 4 bilhões de reais do dinheiro
público para tirar a democracia da “livre iniciativa”. como se ela não tirasse
dez, cem vezes mais deles para traficar influência política?
Depois a gente faz um belo espetáculo com o Paulo Roberto
Costa dizendo que roubava “enojado”?
E vamos vivendo de hipocrisia, assistindo os discursos na
CPI.
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