Adnet teve intimidade exposta, ao contrário de Aécio. Qual é a diferença?
por Mauricio Stycer
No debate mais polêmico da campanha eleitoral de 2014, a
então candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), questionou o adversário,
Aécio Neves (PSDB), sobre a sua posição a respeito da chamada Lei Seca, que
pune motoristas que são pegos embriagados ao volante.
Ainda que sem mencionar o caso, a intenção da pergunta era
provocar o rival a respeito de um episódio ocorrido em 2011, quando Aécio foi
parado em uma blitz, no Rio, dirigindo com a carteira vencida e recusou-se a
fazer o teste do bafômetro.
O candidato tucano reagiu duramente, primeiro afirmando que
faltou à rival “coragem para fazer a pergunta direto”. Depois disse: “Eu tive
um episódio sim, e reconheci. Eu tenho uma capacidade que a senhora não tem. Eu
tive um episódio que parei numa Lei Seca porque minha carteira estava vencida e
ali naquele momento inadvertidamente não fiz o exame e me desculpei disso. Como
a senhora não se arrepende de nada no seu governo”, replicou.
A menção de Dilma ao caso foi duramente criticada por quem
analisou o debate posteriormente. O campo tucano enxergou na pergunta uma
“baixaria”, entre outras que teriam sido cometidas pela campanha petista.
Discutir publicamente um fato ocorrido na esfera da vida
privada de um candidato à Presidência é um certo tabu no Brasil. Existe a este
respeito um cuidado que não há, por exemplo, nos Estados Unidos.
Por outro lado, os brasileiros parecem muito à vontade para
discutir a vida privada de atores ou celebridades. O frenesi recente, causado
pela foto, obtida por um paparazzo, do humorista Marcelo Adnet beijando uma
mulher que não a sua, mostra isso claramente.
Tenho uma dúvida: qual é a diferença? Por que expor a
intimidade de um ator parece normal, corriqueiro, e tratar abertamente da vida
privada de um político dá a impressão de ser tão chocante? Qual das duas
atitudes está errada?
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