Por Fernando Brito
“Há de viver
eternamente/sendo escravo desta gente/que cultiva a hipocrisia.”.
Os versos de quase um século do genial Noel Rosa são o
melhor resumo do sistema político brasileiro.
Quer testar se até as paredes sabem que ninguém se elege
coisa alguma sem dinheiro, e muito?
Simples, imagine-se candidato a algum mandato.
Não é possível, não é?
Hoje, a CartaCapital publica as contas (oficiais) da
campanha de Eduardo Cunha. Declarados, R$ 6,4 milhões, a quarta mais cara do
país.
Na realidade, sabe-se lá quantas vezes mais.
Mas esta gente gasta tanto dinheiro – cinco vezes mais do
que receberá de salários nos quatro anos de mandato – por generosidade, não é?
O sistema eleitoral brasileiro é um depósito de favores,
convenientemente mantido em penumbra.
Quando se deseja, contra quem se deseja, acende-se um
holofote, focando-o onde convém no armazém de vergonhas.
O que estamos vivendo é nem mais nem menos isso.
Rotos falando de esfarrapados, porque assim estão todos,
salvo raras exceções.
Mas os mesmos moralistas, quando se fala em reforma política
e financiamento público exclusivo das campanhas, arrepiam os espinhos e mostram
as presas.
Dinheiro público para políticos! Absurdo!
E as “mordidas” municipais, estaduais, federais,
“deputádicas e senatórias”, que elegem nossos moralistas, são de dinheiro o quê, senão público?
E assim, a política fica não apenas na mão de quem tem
dinheiro porque tem voto e tem voto
porque tem dinheiro.
Mas na de quem tem o controle dos interruptores dos
holofotes, que, como os iluminadores deste teatro da política, definem o que
vai ser visto e o que fica oculto.
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