sábado, 4 de outubro de 2014

COMO ERA O BRASIL ANTES DE LULA?

Por Saul Leblon, 
no site Carta Maior:

Ex-presidentes costumam dar expediente em institutos e fundações de carpete macio,gabinetes de mogno e mesas de vidro com aço escovado.
Telefonemas bajuladores e audiências reverenciais compõem uma rotina colorida, fatiada de almoços elegantes e recepções requintadas. Amenidades bocejam 24 horas por dia no seu entorno.
Bons negócios, comendas, lavanda inglesa e gravatas de seda italiana.
Mas tem um deles que destoa do figurino de voz macia e boutades autocentradas.
Debaixo da garoa fina desta quinta-feira, protegendo a cabeça branca com chapéu de boiadeiro que destoa do blusão esportivo, a voz rangendo idade, cansaço, estrada, o rosto vincado, lá está ele em Diadema, no cinturão vermelho de São Paulo, em cima de uma carroceria, puxando a carreata que fecha o primeiro turno da campanha de 2014.
Alguém poderia imaginar que estamos falando de FHC?
Não. Quem está ali com uma mão agarrada ao microfone e a outra a gesticular, alternando uma e outra, a voz rouca modulando altos e baixos de ironia e indignação, mestre na oralidade, é o único ex-presidente capaz de fazer isso como se fosse um novato, a suar a camisa para provar que suas ideias pertencem ao mundo através da ação.
O novato no caso é o político que alia a garra de um jovem militante à experiência de maior líder popular do Brasil.
Duas vezes ex-presidente da República, ele dá o exemplo da volta às origens que cobra do PT.
Levar a disputa às ruas.
Definir o campo de classe dos interesses em jogo.
Voltar às bases, ouvir, falar, engajar e aí nunca mais se omitir.
É isso que ele tem feito com intensidade assustadora para a idade e o susto de um câncer diagnosticado há três anos , em 29 de outubro de 2011.
Lula fará 69 anos no dia seguinte ao pleito de 5 de outubro próximo. A contrariar o fardo dos outubros, nos últimos nove dias ele visitou nove cidades, fez mais de 15 comícios.

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